No dia 10/03/09 a associação médica britânica publicou um relatório (Early life nutrition and lifelong health), que mostra as evidências atuais de que a alimentação no início da vida - dentro da barriga da mãe e nos primeiros anos da infância - tem um impacto grande no risco destes bebês desenvolverem doenças crônicas não transmissíveis como cardiopatias, diabetes, obesidade, câncer e até doenças mentais décadas mais tarde. Por isto, se quisermos prevenir o aumento destas doenças mulheres em idade fértil e gestantes devem cuidar muito bem de sua alimentação.
Origem fetal das doenças mentais
O impacto de infecções e inflamações durante a gravidez afetam o cérebro fetal. Patógenos infecciosos clássicos como Toxoplasma gondii, vírus da rubéola, citomegalovírus, vírus do herpes são conhecidos por serem diretamente teratogênicos (aumentam risco de câncer), geram inflamação e, em um cérebro vulnerável como o dos bebês, aumenta o risco de doenças neuropsiquiátricas mais tarde na vida.
Lesão direta em neurônios e células progenitoras neurais ou lesão indireta por meio da ativação de microglia e astrócitos, pode desencadear a produção de citocinas inflamatórias e estresse oxidativo no cérebro. As exposições infecciosas também podem alterar a produção placentária de serotonina, o que pode perturbar a sinalização dos neurotransmissores no cérebro em desenvolvimento.
Clinicamente, a detecção dessas lesões sutis no cérebro fetal é difícil, uma vez que o impacto neuropsiquiátrico de infecções ou inflamações perinatais pode não ser conhecido por anos (autismo) ou mesmo décadas após o nascimento (depressão e esquizofrenia). Por isso, cuidados pré-gestacionais e gestacionais, como sugestão e aceitação da vacina contra a gripe sazonal é uma estratégia fundamental para reduzir as infecções perinatais e o risco de lesão cerebral fetal.
O papel dos pais
A qualidade do esperma também afeta a saúde futura da criança. Além disso, os pais precisam dar um bom exemplo para seus filhos, que aprendem a comer alimentos saudáveis por imitação. Apesar de o relatório ter sido produzido na Inglaterra o mesmo se aplica muito bem aos outros países, inclusive àqueles em desenvolvimento já que tanto dietas com baixas calorias podem ser deficientes quanto aquelas com calorias demais. Isto porque pessoas que comem muito pouco tem dificuldade em atingir a recomendação de vários nutrientes. Por outro lado muitos, apesar de comerem em excesso, possuem dietas monótonas e desbalanceadas, com excesso de calorias mas com deficiência de vitaminas, minerais e outros nutrientes protetores. É o que se chama de fome oculta.