Esta semana nos EUA manchetes de vários grandes jornais publicaram reportagens sobre os benefícios da dieta do paleolítico. De acordo com os jornais a dieta dos homens das cavernas, baseada em frutas, castanhas, carnes magras e peixes, poderia ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
A estória dos jornais foi baseada em um estudo publicado em 2007 no Jornal Europeu de Nutrição Clínica. No estudo divulgado no ano passado 20 voluntários saudáveis seguiram durante 3 semanas uma dieta que baniu
açúcar, alimentos industrializados, todos os laticínios, feijões, sal, macarrão, arroz, álcool e sucos.
Não houve grupo controle o que impossibilitou a comparação com outras dietas.
Os pesquisadores relataram que a intenção não foi copiar a dieta da idade da pedra e sim eliminar aspectos prejudiciais da dieta moderna. Foram medidos pressão arterial e peso e, realizados exames de glicemia, hemograma, colesterol e marcadores de inflamação. Instruções rígidas sobre os alimentos permitidos e proibidos fizeram com que 6 indivíduos não completassem as 3 semanas de estudo. Além do peso, o índice de massa corporal, a circunferência da cintura e a pressão sanguínea foram reduzidas. O consumo energético foi reduzido em cerca de 36% com aumento do conteúdo de antioxidantes nas refeições porém, a quantidade de cálcio no sangue caiu em mais de 50% (de 851mg para 395mg), o que poderia ter um efeito desfavorável na saúde, aumentando principalmente o risco de osteoporose.
Ainda não está claro se a manutenção desta dieta por mais de 3 semanas seria possível ou interessante ou se os resultados a longo prazo seriam benéficos. Além disso, qualquer dieta com pouco sal, açúcar e alimentos industrializados conseguem diminuem a pressão arterial, o peso e a circunferência da cintura. Ou seja, não se sabe se a dieta paleolítico tem qualquer vantagem extra.
Para saber mais:
- Origem e evolução da dieta ocidental. American Journal of Clinical Nutrition, 2005.
- Dieta do paleolitico: uma visão cética. Nutrition Bulletin, 2000.
- Efeitos da dieta do paleolítico em indivíduos saudáveis. European Journal of Clinical Nutrition, 2007.