Obesidade na infância - como prevenir

A obesidade vem crescendo em todo mundo não só em adultos como também dentre crianças e doenças. Os fatores que contribuem para a obesidade incluem dieta, fatores sociais, culturais, econômicos, fisiológicos e genéticos.Veja:

  • Influência da família – Pais com excesso de peso carregam genes e hábitos que criam um ambiente obesogênico. Muitos genes estão ligados à obesidade, porém existem evidências de que o ambiente desempenha um fator primordial no desenvolvimento da obesidade. Os pais são o exemplo que as crianças seguem e se os primeiros consomem dietas hipercalóricas e desregradas este (mau) exemplo será transmitido aos filhos.

  • Classe sócio-econômica – Indivíduos provenientes de classes sociais menos favorecidas tendem a consumir dietas de pior qualidade com menos frutas e hortaliças quando comparadas às demais classes. Isso se dá devido ao menor conhecimento sobre hábitos saudáveis e também devido ao preço mais acessíveis dos alimentos hipercalóricos como arroz, farinha, macarrão, óleo, açúcar e biscoitos de baixa qualidade.

  • Dieta da criança – As crianças tendem a preferir alimentos doces e ricos em gorduras. Por isso se não houver na família um hábito saudável os pequenos acabarão optando por dietas inapropriadas.

  • Atividade física – Estudos demonstram que o nível de atividade física da criança e dos adolescentes tem declinado nas últimas décadas em todo o mundo. Isso decorre do aumento da violência nas grandes cidades que impede que os menores passem mais tempo na rua brincando, e também devido à disponibilidade aumentada de facilidades como controle remoto, vídeo-game e internet. A menor atividade física resulta em menor gasto, o que contribui para o ganho de peso.

Efeito da amamentação na obesidade

O leite materno é o melhor alimento para as crianças de 0 a 6 meses uma vez que fornece todos os nutrientes necessários ao pleno crescimento e desenvolvimento do bebê, e o protege contra diversas doenças uma vez que possui anticorpos que são passados de mãe para filhos. Porém se consegue também proteger as crianças contra a obesidade futura é um ponto controverso. Alguns estudos demonstraram um pequeno efeito protetor contra a obesidade na infância e até em outras fases da vida enquanto outros estudos não mostraram qualquer efeito e um pequeno número mostrou até que o aleitamento estaria ligado ao sobrepeso e à obesidade.

  • A maioria dos estudos que mostraram haver um efeito protetor do aleitamento contra o excesso de peso também mostraram que este efeito é reduzido quando outros fatores como a obesidade materna e a condição sócio-econômica são consideradas.

  • Estudos que não demonstram qualquer relação geralmente observaram um efeito protetor que desaparece completamente quando os dados são corrigidos considerandos-se fatores confundidores como condição sócio-econômica, obesidade dos pais, peso ao nascer, sexo, idade gestacional, taxas de crescimento, etnia, grau de escolaridade dos pais, paridade (número de filhos) da mãe etc.

  • Uma meta análise de 2005 avaliou 36 estudos que comparou o IMC com o aleitamento materno. Inicialmente o grupo de crianças amamentadas apresentava um IMC mais baixo, porém quando isto foi ajustado para o IMC materno, metade do efeito foi abolido. O pesquisador Owen concluiu que as diferenças no IMC de crianças amamentadas versus não amamentadas são pequenas e influenciadas por fatores confundidores.

  • Outros autores defendem que a hipótese de que o aleitamento materno protege contra obesidade não parece consistente uma vez que tanto o número de mães que amamentam quanto o tempo da amamentação vem aumentando juntamente com o crescimento da obesidade infantil.

Portanto, mesmo que exista um efeito do aleitamento materno na proteção contra a obesidade na infância, este efeito é provavelmente mais fraco do que a relação entre genética e fatores ambientais e obesidade. Assim, além do aleitamento os pais devem incentivar hábitos saudáveis de saúde para toda a família. Estes hábitos devem incluir alimentação equilibrada em todas as fases da vida aliada à atividade física moderada.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/