NEURÔNIOS QUE ADORAM SAL

O sal é um tempero usado em todo o mundo e componente chave de muitos alimentos saborosos. Tanto comer muito sal, quanto sal nenhum pode gerar riscos à saúde. Sal em excesso aumenta de hipertensão especialmente quando a dieta também é rica em carboidratos. Mas pouco sal também não é bom. O sal é composto por sódio e cloro (NaCl) e o íon sódio é importante para a atividade cardiovascular, equilíbrio de fluidos e sinalização nervosa.

Em todas as espécies animais, o corpo regula e mantém rigorosamente os níveis de sódio. Como não produzimos sódio precisamos fazer a sua ingestão, por meio da dieta. Quando o corpo está com pouco sódio, o cérebro aciona sinais específicos de apetite que impulsionam o consumo de sódio. Embora os mecanismos desses sinais de apetite por sal não sejam totalmente compreendidos, uma equipe de pesquisadores descobriu agora uma pequena população de neurônios no rombencéfalo do camundongo que parece controlar este impulso (Lee et al., 2019).

Os cientistas utilizaram ferramentas genéticas para manipular a atividade desses neurônios em camundongos, estimulando-os com luz. A atividade desses neurônios foi medida durante o consumo de sódio. Alguns segundos depois de o sódio atingir a língua do animal, a atividade dos neurônios do apetite por sódio foi inibida. A pesquisa mostra que os sinais orais de sódio, provavelmente mediados pelo sistema gustativo, são necessários para inibir os neurônios do apetite ao sódio.

Por outro lado, muitas pessoas foram ensinadas a consumirem pouco sódio e acabam sentindo-se mal. A falta de sódio pode agravar a resistência à insulina, aumenta o risco de hiponatremia e convulsões.

Situações que aumentam o risco de deficiência por sódio

  • Indivíduos em uso de medicamentos que aumentam a quantidade de urina (diuréticos)

  • Uso de alguns tipos de antidepressivos

  • Uso de carbamazepina, um medicamento anti-convulsivo

  • Tireóide ou glândulas adrenais hipoativas

  • Diminuição da função dos rins, fígado ou coração

  • Certos tipos de câncer, incluindo câncer de pulmão

  • Certas doenças, como pneumonia ou infecções do trato urinário, que podem causar desidratação

  • Dieta cetogênica

Deficiência de sódio é comum em quem segue a dieta cetogênica.

O jejum tem sido reconhecido como um tratamento para muitas doenças por mais de dois mil anos. No início da década de 1920, vários médicos descobriram que o jejum ajudava a reduzir as convulsões. Nos esforços para imitar os efeitos do jejum, nasceu a dieta cetogênica.

A Dieta Cetogênica Clássica é considerada o padrão-ouro para o tratamento da epilepsia. A Dieta Clássica consiste em uma proporção de 4:1 ou 3:1 de gramas de gordura para a quantidade (em gramas) de proteína e carboidratos somados. Ou seja, a cada 4gramas de gordura, haveria 1g de carboidrato + proteína, na proporção 4:1. Variações da dieta Clássica têm sido usadas para tornar a dieta mais flexível e saborosa, como proporções de 2:1 e 1:1. Falo mais sobre o tema no curso online Dieta Cetogênica Passo a Passo.

Hoje, pesquisas já mostraram a utilidade das dietas cetogênicas em muitas condições, além da epilepsia:

  1. Autismo

  2. Esclerose lateral amiotrófica (doença de Lou Gehrig)

  3. Doença de Alzheimer de início precoce

  4. Transtorno bipolar

  5. Tumores cerebrais

  6. Nefropatia diabética

  7. Enxaqueca

  8. Distúrbios mitocondriais

  9. Esclerose múltipla

  10. Narcolepsia

  11. Mal de Parkinson

  12. Derrame

  13. Traumatismo craniano

Como acontece com qualquer terapia de dieta metabólica, pode haver efeitos adversos se não forem administrados suplementos adequados. A dieta deve ser monitorada por neurologista e nutricionista.

Os sintomas de baixo teor de sódio na cetogênica incluem fadiga, dores de cabeça, capacidade de desempenho comprometida (especialmente ao ar livre no calor). Em casos mais graves, a pessoa pode desmaiar.

Nas primeiras semanas em uma dieta cetônica, apenas cerca de metade de sua perda de peso é de gordura corporal, a outra metade é de perda de água e sódio. Para compensar, consuma:

  • Sal rosa do Himalaia ou do Mar Céltico (preferido ao sal de mesa padrão)

  • Caldo de legumes com sal, caldo de carne, caldo de ossos (1-2 xícaras por dia)

  • Mariscos (ou seja, ostras, mexilhões, caranguejos, etc.)

  • Shoyu

Pessoas em dieta cetogênica, fazendo atividade física, que suam muito, podem precisar tomar 250-750 mg de sódio extra antes dos treinos para compensar os efeitos adversos do baixo teor de sódio no desempenho. Existem suplementos de sal sozinhos ou em conjunto com outros minerais (como potássio e magnésio) que, frequentemente, também estão em baixa no corpo de pessoas seguindo dieta cetogênica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/