Álcool e glicemia

A ingestão de pequena quantidade de álcool normalmente não tem um impacto significativo nos níveis de glicose no sangue em uma pessoa saudável. Quando o álcool é consumido, ele é metabolizado principalmente no fígado. Ao mesmo tempo, inibe a produção de glicose (gliconeogênese) no órgão. Isto faz com que a glicose possa ficar, momentaneamente, mais baixa após o consumo de um drink.

Claro, o impacto do álcool na glicemia difere se o corpo estiver em jejum ou estado cetogênico. Em estado de jejum, o corpo contém menos glicose armazenada no fígado e nos músculos na forma de glicogênio. Isso pode resultar em níveis de glicose abaixo do normal e, em casos extremos, um evento hipoglicêmico.

Mas a hiperglicemia é mais comum. Um dos motivos é que o consumo de álcool pode prejudicar o sono e isto piora à sensibilidade insulínica na manhã seguinte. Pessoas que recorrem a álcool à noite podem produzir 15 a 19% menos melatonina (hormônio que induz o sono e que também tem efeitos antiinflamatórios). Além disso, o consumo crônico e excessivo de álcool pode causar doença hepática alcoólica e levar ao comprometimento da sinalização da insulina. Monitorar a sua glicose no sangue é uma boa maneira de entender como o álcool afeta o seu organismo, tanto logo após o consumo, quanto horas depois e no dia seguinte.

Efeito na glicemia depende do tipo de bebida consumida

Cerveja: As cervejas regulares contêm cerca de 10-15 gramas de carboidratos por porção. Algumas cervejas leves podem ter de 3 a 6 gramas de carboidratos por porção.

Vinhos: O teor de carboidratos do vinho é amplamente determinado pelo seu nível de doçura. Em 100 mL, um vinho seco pode ter apenas 1-2 gramas de carboidratos, um vinho mais doce entre 5-10 gramas de carboidratos e um vinho muito doce (como o do Porto) contém mais entre 9 e 14 gramas de carboidratos.

Destilados: Álcool destilado, como gim, tequila, vodca, uísque e até rum não contêm açúcares. Mas estas bebidas são frequentemente utilizados em misturas com componentes ricos em carboidratos.

Como o álcool tem um efeito multifacetado no metabolismo e é associado não só a variações de glicemia, mas também a maior risco de problemas hepáticos, mentais, cardiovasculares e a certos tipos de câncer (mama, boca, garganta, esôfago, cólon e reto), minimize o seu consumo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/