Azeite de oliva e modulação de genes

O consumo de azeite de oliva extra virgem (AOEV) tem um efeito benéfico na saúde humana, especialmente na prevenção de doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. Este alimento essencial da dieta mediterrânea e de países como Espanha, Itália e Grécia, é capaz de reduzir a oxidação de lipídeos e do DNA, melhorar o perfil lipídico e a resistência à insulina, reduzir a disfunção endotelial, ainflamação e a pressão arterial.

Tradicionalmente, as propriedades benéficas do AOEV têm sido atribuídas ao seu alto teor de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA), que representam até 80% de sua composição lipídica total. No entanto, evidências cumulativas recentes têm mostrado que os componentes secundários do AOEV, como compostos fenólicos e outros compostos com características antioxidantes, também podem contribuir para as características saudáveis ​​do óleo. Esses componentes representam apenas 1–2% do EVOO, mas estão completamente ausentes em outros tipos de óleos derivados de sementes ou frutas.

Composição do azeite de oliva (Bulotta et al., 2014)

Compostos fenólicos do azeite de oliva

Os azeites de oliva contêm diferentes classes de compostos fenólicos, como álcool fenil etílico (hidroxitirosol e tirosol), ácido cinâmico (ácido cafeico e ácido p-cumárico) e benzóico (ácido vanílico), flavonas (apigenina e luteolina) e secoiridoides (oleuropeína e ligtrósido derivados). O principal polifenol do AOEV, o hidroxitirosol, um eliminador de radicais livres, que reduz o LDL oxidado e as agregações de plaquetas.

Estrutura química dos compostos fenólicos mais conhecidos no azeite (Bulotta et al., 2014)

A oleuropeína do azeite é uma molécula antiinflamatória que promove a produção de óxido nítrico em macrófagos. O oleocanthal exerce propriedades antiinflamatórias semelhantes ao medicamento ibuprofeno. Contudo, a composição química do azeite varia entre as espécies de oliveira e é pelas condições ambientais, práticas agronômicas, manejos de colheita e sistemas de extração. O tipo de procedimento de extração do óleo é o processo que mais influencia a concentração dos compostos fenólicos. O AOEV é obtido pela trituração e processamento manual da azeitona, preservando assim o teor dos componentes secundários que se perdem irreversivelmente no azeite refinado, extraído por processos químicos e físicos. O azeite refinado apresenta efeito menos saudável, devido ao baixo conteúdo fenólico.

Regulação genética pelo consumo de azeite de oliva

Estudos nutrigenômicos mostram que compostos do azeite regulam vários genes que influenciam inflamação, estresse oxidativo e metabolismo lipídico.

Alterações transcriptômicas induzidas por alta ingestão de polifenóis do azeite em populações saudáveis e não saudáveis. Setas vermelhas: genes / miRNAs modulados para cima, setas verdes: genes / miRNAs modulados para baixo. A linha tracejada indica uma sobreposição na modulação de alguns genes e miRNAs entre as vias de inflamação, proliferação e câncer (De Santis et al., 2019)

O azeite de oliva rico em polifenóis atua no transcriptoma e miRNome, promovendo a saúde humana graças às suas propriedades antiinflamatórias, anticâncer e antioxidantes e à sua modulação do metabolismo da glicose / lipídios.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/