SIBO e hipocloridria

Muitas pessoas pensam que todos os problemas do estômago devem-se à alta produção de ácido clorídrico. Contudo, na verdade, na maior parte das vezes o que acontece é justamente o contrário. Uma baixa produção de ácido clorídrico, provocando grandes dificuldades digestivas.

Pessoas com hipocloridria (baixa acidez estomacal) ou acloridria (falta de acidez estomacal) não digerem bem proteínas, sentem mais desconforto após refeições volumosas, mais gases e dor abdominal. A hipocloridria pode ser induzida por medicação (uso constante de antiácidos) ou pode ser simplesmente uma consequência do processo de envelhecimento.

A baixa acidez aumenta o risco de contrairmos parasitoses, desenvolvermos sensibilidades alimentares (pela dificuldade de digestão de proteínas) e desenvolvermos um supercrescimento bacteriano na região do intestino delgado (SIBO).

O supercrescimento bacteriano gera uma inflamação crônica e aumenta o risco de hipotireoidismo, fadiga crônica e até depressão (geralmente por falta de vitamina B12). Uma das opções de tratamento é o uso da betaína anidra (betaína HCl ou trimetilglicina) e da enzima pepsina. Tanto a betaína HCl quanto a pepsina são componentes naturais do suco gástrico, com a função de tornar os nutrientes e aminoácidos dos alimentos mais biodisponíveis. Também são importantes para a absorção adequada de proteínas, cálcio, vitamina B12 e ferro. A versão ácida da betaína (betaína HCl) atua como um acidificador do estômago e auxiliar digestivo.

Em uma pesquisa pacientes com tireoidite de Hashimoto começaram a suplementar betaína HCl e pepsina e relataram vários benefícios. Cerca de 50 a 70% das pessoas com Hashimoto provavelmente apresentam deficiência de ácido estomacal e relatam níveis de energia melhorados (58%), dor reduzida (40%) e melhora do humor (35%). Um quarto das pessoas sentiu que este suplemento também os ajudou a perder peso. A trimetilglicina (betaína) também pode ser útil para quebrar a homocisteína, que tem sido associada à inflamação. Além disso, ele pode aumentar a quantidade de SAMe, uma substância que ocorre naturalmente com propriedades que aumentam o humor e aliviam a dor.

Quem deve evitar a betaína com pepsina? Pessoas que têm histórico de úlcera péptica ou gastrite, ou que tomam antiinflamatórios não esteroidais (ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, naxopreno, diclofenaco, dipirona, nimesulida etc) ou outros medicamentos que aumentem o risco de úlcera

Maneiras alternativas de melhorar a acidez estomacal e a digestão

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Garantir um ambiente ácido estomacal é importantíssimo para a boa digestão. O uso de uma colher de chá de vinagre de maçã em um copo de água fria ou o suco de um limão em um copo de água quente pode apoiar a digestão em alguns casos de baixo ácido estomacal. A beterraba também é uma fonte rica de betaína. Se você tem a mutação do gene MTHFR, a beterraba é especialmente boa para você, pois seu conteúdo de betaína pode quebrar a homocisteína, molécula que tende a estar elevada nesta condição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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