Muitas pessoas comem em momentos de estresse. Traumas passados, ansiedade crônica, depressão e baixa-autoestima podem aumentar os episódios de compulsão alimentar. Para outras pessoas é um ciclo vicioso, transtornos de humor geram compulsão e a compulsão aumenta o risco de obesidade. E, pessoas obesas apresentam uma incidência 25% maior de transtornos de humor, como depressão. Acabam comendo demais porque se sentem mal, e se sentem mal porque comem demais.
Para aliviar a carga emocional algumas pessoas assistem a TV por horas, outras navegam a internet, outras fazem exercícios excessivamente, enquanto outras comem sem parar. Açúcar e gordura desencadeiam a produção de neurotransmissores que aliviam momentaneamente o estresse, porém sem resolver as causas dele. Por isso, a psicoterapia aliada à alimentação adequada, meditação e prática de yoga são tão importantes.
Alguns alimentos, como espinafre, aveia, banana e chocolate ajudam a equilibrar a produção hormonal e de neurotransmissores. O espinafre é fonte de vitaminas K, A, C, folato (B9). A vitamina B9 é muito importante para o combate à depressão, principalmente por ajudar na liberação de serotonina, um neurotransmissor conhecido como a “molécula da felicidade”. Você também encontra folato em outros alimentos como feijão, lentilhas, brócolis, você também pode obter folato de feijão, lentilha, levedura de cerveja, quiabo, aspargos, couve e brócolis.
O chocolate contribui para a liberação de serotonina e de endorfinas. As endorfinas são substâncias químicas que aumentam a sensação de bem-estar. Também são liberadas após a atividade física aeróbica e intensa. Além disso, o chocolate pode melhorar o fluxo sanguíneo para o coração e o cérebro, melhorando a concentração, devido aos antioxidantes que ele contém.
A melhor maneira de comer um pedaço de chocolate é aproveitar a experiência. Abra lentamente a embalagem, sinta o aroma, perceba o formato, saboreia lentamente, curtindo a experiência e deixando a culpa de lado. Saiba mais sobre o tema no curso online sobre Alimentação Consciente.
Carboidratos aumentam a secreção de serotonina no cérebro, o que ajuda a regulação do humor e a diminuição do apetite. No entanto, carboidratos altamente processados, presentes no pão branco, bolos, doces e refrigerantes, causam mudanças rápidas nos níveis de açúcar no sangue e podem resultar em pioria do humor. Já os carboidratos ricos em fibras, como aveia, quinoa, arroz integral, mandioca, cará, inhame, batata doce, banana e outras frutas demoram um pouco mais para serem absorvidos, fazendo com que você se sinta mais satisfeito e estável.
Bananas são ricas em triptofano, que é usado para produzir 5-HTP, que dará origem à serotonina e à melatonina, dois neurotransmissores reguladores do humor e do sono. As bananas também contêm magnésio, o que contribui para o relaxamento. Que tal incluir no lanche uma banana com aveia e cacau?
Psicoterapia
Algumas pessoas têm relacionamentos abusivos com o marido, outras com o chefe, outras com os pais ou com amigos. Muitas pessoas estiveram neles a vida toda, perdendo a noção do que é aceitável e do que não é. Relacionamentos abusivos geram uma vida de ansiedade e, muitas vezes, de compulsão alimentar. Os abusos ou manipulações fragilizam e induzem a vítima a desacreditar que tem habilidades para lidar com a própria vida. Muitas das vítimas nem conseguem enxergar que estão sendo abusadas por pais, filhos, amigos, no trabalho. Mas o vazio existe e a comida começa uma forma comum de preenchimento da carência emocional.
Em casos como estes o acompanhamento nutricional sozinho não funciona porque a comida e o peso são os sintomas, não o problema da pessoa. Neste ciclo muitas pessoas passam a vida em dieta. Ganhar e perder peso várias vezes ao ano gera uma montanha-russa emocional, acompanhada de muito sofrimento. Por isso, a psicoterapia é tão importante. Ajuda a reconhecer problemas e a recuperar o bem-estar interior.
Durante as consultas outros aspectos são trabalhados para minimizar a angústia em relação ao peso, ajudar o paciente a reconstruir a confiança em si e nos seus sinais de fome e saciedade, resgatar o comer social, dentre outros aspectos.
Nutrição
Comer mata a fome física, nutre as células com os nutrientes adequados à produção de energia, hormônios, enzimas, anticorpos e neurotransmissores. A comida também nos dá prazer e este é um motivo importante pelo qual comemos. A consulta nutricional da pessoa que tem compulsão visa esclarecer dúvidas, minimizar medos, tratar sinais e sintomas (dores, desconfortos, prisão de ventre, dor de cabeça, falta de disposição, mal digestão, queda de cabelo, celulite, etc).
O nutricionista comportamental não prescreve um cardápio clássico, cheio de restrições. Ajuda o paciente na organização e planejamento da alimentação, sem colocar a perda de peso como objetivo principal. Acompanha o paciente para que reaprenda a comer. A perda de peso pode ser uma consequência do fim da compulsão, mas com um olhar para o bem-estar físico e emocional.