A influência da dor e do prazer nas decisões - Parte 2

Quando algo acontece na vida o cérebro rapidamente interpreta o fato. Uma pessoa pode passar por uma situação de injustiça, se sentir desesperançado e desmotivado. Outra pessoa pode passar pela mesma situação e se sentir motivado a ajudar o próximo, a advogar para que situações de injustiça não aconteçam com outras pessoas. A primeira pessoa interpreta o ocorrido de forma totalmente negativa. A segunda de forma positiva. É assim que o preconceito racial, de classes, de gênero é combatido no mundo. Por pessoas que ressignificam suas experiências.

Ontem expliquei como a dor e o prazer influenciam nossas decisões e ações.  Agora vamos focar no desenvolvimento de uma motivação mais intrínseca para que seus objetivos sejam concretizados. Ontem falamos do caso do emagrecimento. Uma pessoa pode querer perder 5 kg para se sentir melhor, com menos dores ou mais energia (prazer de longo prazo). Ao mesmo tempo pode não conseguir agir pois já fracassou em outras dietas, não gosta de fazer exercício ou simplesmente não quer deixar de comer frituras, chocolates ou tomar cerveja todo dia à noite. Deixar estas coisas de lado parecem causar mais dor do que o prazer de se sentir melhor. Ao desistir da dieta evitamos a dor da privação.

Para vencer isto algumas medidas precisarão ser adotadas:

1) Preparação

Descreva seu objetivo nos mínimos detalhes. O que você quer alcançar? Por quê? Em quanto tempo? O que te impede de alcançar seu objetivo? Que comportamentos, crenças, hábitos, pensamentos, companhias estão te atrapalhando? Quando os comportamentos, crenças, hábitos ou pensamentos que limitam seus sonhos apareceram em sua vida? 

Para fazer as mudanças desejadas em sua vida você precisará encontrar a "inspiração" necessária para mudar. Muita gente diz sempre que vai parar de fumar. Mas a inspiração só aparece quando um filho nasce. A inspiração ou motivação também pode aparecer quando a dor é insuportável. Por exemplo, muita gente para de fumar quando fica realmente doente, quando é hospitalizado, quando precisa fazer uma cirurgia.

No caso da mãe que para de fumar quando engravida, a motivação veio de uma nova paixão, de um novo senso de propósito. Quando um homem para de fumar pois desenvolveu insuficiência respiratória, a motivação nasceu do desespero ou medo de morrer. Há uma obrigação em mudar. Tanto a inspiração quanto o desespero são forças que podemos desenvolver em outras situações. Para tanto precisamos criar uma sensação de urgência que mobiliza para a mudança de atitude.

2) Aumento da dor

Pra muita gente o que funciona então é aumentar a dor, criar uma sensação de urgência. Para tanto você precisará questionar-se, enfrentar-se e responder com sinceridade às perguntas. Use sua imaginação e reflita bastante sobre o seu destino, sobre o que realmente quer para você.  Pense sobre sua vida atual e pergunte-se:

- Está tudo bem? Existe algo que esteja me trazendo resultados negativos, custando muito fisicamente, emocionalmente, mentalmente, financeiramente ou espiritualmente?
- O que estou fazendo para que minha saúde/carreira/relacionamentos etc não estejam do jeito que gostaria e mereço?
- O que eu estou perdendo mantendo tal comportamento?
- Como esse comportamento afeta outras pessoas? Como isso faz você se sentir?
- Como esse comportamento afeta a forma como eu gasto meu tempo?
- Por que esse comportamento não está mais funcionando para mim no momento presente?
- O que esse comportamento me custou no passado?
- Como esse comportamento dificulta meus objetivos e metas?
- Que arrependimentos tenho como resultado desse comportamento?
- Como estará minha vida em 5 anos se eu continuar com esse comportamento? Por exemplo, o que acontecerá se continuar comendo tanto açúcar?
- O que eu vou perder nos próximos cinco anos se eu continuar com os mesmos comportamentos? Por exemplo, o que acontecerá se não parar de fumar? O que vail lhe custar ao nível de energia física?
- Que arrependimentos eu terei nos próximos cinco anos se eu continuar com os mesmos comportamentos? E em 10 anos ou 20 anos? 

Responda da forma mais ampla possível. Não adianta dizer algo como, se não parar de comer tantos doces engordarei. Somos impulsionados por emoções. Engordar fará sua autoestima diminuir? Fará sua autoconfiança despencar? Fará se sentir sem controle da vida?

3) Quebrando padrões limitadores

A interrupção de um padrão, pensamento ou comportamento limitador abre portas para novos padrões, mais produtivos, permitindo que você alcance suas metas. Para interromper padrões limitadores você precisará se comandar. Dizer a si mesmo: "Isso não me serve mais", "Pare, não compre esse saco de salgadinhos". O comando pode ser uma ação. Você pode ir ao parque ao invés de ir à padaria. Pode cantar ao invés de passar o tempo conversando com pessoas negativas e assim por diante. O importante é que você selecione um comportamento ou pensamento novo, útil e que gere os benefícios que você espera em sua vida.

Seu comportamento antigo pode ter tido uma função. Te afastar da dor e te manter próximo ao prazer. Contudo, se o resultado não estava sendo bom precisará ser substituído. Por exemplo, quando passamos todas as noites no sofá assistindo a filmes ou séries de TV norteamericanas nos aproximamos de um prazer imediato. Nos distraímos, descansamos. Ao mesmo tempo nos afastamos de outras dores. Deixamos de ir à academia ou correr no parque. Estas ações podem trazer dor a algumas pessoas, dependendo de suas crenças. Se elas não gostam de academia, academia é dor. Se elas estão exaustas do trabalho, correr no parque é dor. Assim, passar a noite no sofá parece muito melhor. Mas avalie se o último ano no sofá te trouxe algum benefício real. Pergunte-se:
- Que intenção positiva tem o meu comportamento inútil para mim?
- Esse comportamento, com intenção positiva, me ajuda ou me atrapalha neste momento?
- Se ele me atrapalha, o que eu poderia fazer de diferente? (reduzir a TV de 2 horas para 30 minutos, por exemplo)
- Que outros comportamentos, mais alinhadas com minhas metas e objetivos, poderiam substituir o antigo?
- Que benefícios terei se passar os próximos 5 anos com o mesmo comportamento antigo? Por exemplo, terei mais autoconfiança, mais vitalidade física e mental, mais saúde, meus relacionamentos se fortalecerão, minha vida será melhor, etc.
- Que malefícios eu terei nos próximos 5 anos se mantiver o mesmo comportamento?
- Que novo comportamento útil eu posso adotar a partir de hoje? Como vou fazer as mudanças necessárias?
- O que vou ganhar mudando meus comportamentos (fisicamente, emocionalmente, mentalmente, financeiramente ou espiritualmente)?
- Como os novos comportamentos expandirão minhas oportunidades?
A partir deste momento o foco deve estar na instalação do novo comportamento. 

4) Ação! 

Pensar, planejar, programar é muito importante. Mas planejamento sem ação não gera mudanças de vida. Implemente o que deseja e vá monitorando ao longo do caminho:

- O que tem sido positivo?
- Como minha vida tem sido transformada?
- Como outras pessoas tem sido afetadas?
- Como as outras pessoas veem a minha mudança?
- Como agora meu tempo está distribuído?
- Como a mudança tem contribuído para meus objetivos?
- O que teria acontecido se eu houvesse feito estas mudanças 5 anos atrás?
- Como será meu futuro se eu continuar com este comprometimento?

Visualize sua vida futura e desejada em todos os detalhes. Crie em sua mente uma situação em que mudar seja a única solução possível. Em que os prazeres visualizados no futuro superem em muito o desconforto dos sacrifícios atuais.

5) Comprometimento

Mudar por um dia é fácil, mudar por uma vida é mais difícil. Mas se a mudança é importante para que você torne-se a pessoa que deseja (mais saudável, amoroso, bem sucedido, cooperativo, independente, íntegro etc) a insistência em bons comportamentos é fundamental.

Quando somos pequenos nossas mães insistem diariamente para que escovemos os dentes. Depois de um tempo isto vira um hábito. A ação repetida, focada e massiva cria bons hábitos. É assim que pessoas aprendem a gostar de frutas e verduras, de praticar exercícios físicos, de estudar... Mas no percurso barreiras podem aparecer. Pra não desistir de seus sonhos prepare-se:

- O que poderia dar errado?
- Que desafios podem surgir?
- Como você lidará caso algo dê errado? 
- Pra quem você poderá pedir ajuda?
- Que outros recursos estão disponíveis para você?
- Que tipo de conhecimento poderá te ajudar a se manter dentro do seu propósito?
- Como você poderá adquirir tal conhecimento?

Que resolução você pode tomar hoje? Existe algo que precise mudar? Responda estas perguntas. Faça sua sessão de autocoaching.

Ensino mais sobre este tema no curso online Coaching para profissionais de saúde. Nele discuto uma série de ferramentas que o profissional de saúde pode utilizar para ajudar seus clientes a alcançarem grandes objetivos.

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Para os que desejam emagrecer sugiro a consultoria ou a combinação dos seguintes cursos: autocoaching com os cursos de reprogramação emocional e alimentação consciente.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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