Doença inflamatória intestinal cresce no mundo todo

A Doença Inflamatória Intestinal (DII) — que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerativa — está deixando de ser uma enfermidade típica do Ocidente e se tornando um problema global. O pesquisador Gilaad G. Kaplan (2025), da Universidade de Calgary, traça neste artigo um panorama das próximas duas décadas.

As quatro fases da DII

Kaplan descreve quatro estágios epidemiológicos pelos quais os países passam:

  1. Emergência – poucos casos isolados.

  2. Aceleração da incidência – aumento rápido de novos diagnósticos.

  3. Prevalência composta – crescimento constante do número de pessoas vivendo com DII.

  4. Equilíbrio de prevalência – estabilização do total de casos devido ao envelhecimento e mortalidade da população com DII.

Os países desenvolvidos já estão no estágio 3 e devem atingir o equilíbrio (estágio 4) por volta de 2040–2045, com mais de 1% da população afetada.

O mapa global da DII

  • América do Norte, Europa e Oceania: prevalência alta e crescimento mais lento.

  • Ásia e América Latina: aumento acelerado impulsionado por urbanização, ocidentalização da dieta e melhor acesso a diagnóstico.

  • África: ainda em fase inicial, mas com potencial de crescimento conforme avança o desenvolvimento econômico.

Previsões até 2045

Usando modelos de aprendizado de máquina e equações diferenciais parciais, o estudo prevê que:

  • A população global passará de 8,2 bilhões (2025) para 9,4 bilhões (2045).

  • A DII crescerá especialmente nos países emergentes, ampliando o número absoluto de pacientes mesmo que a proporção permaneça menor que no Ocidente.

  • Países como Canadá e Dinamarca devem atingir prevalência acima de 1% antes de 2045.

Caminhos para prevenção

O futuro da DII pode incluir estratégias preventivas, com foco em:

  • Biomarcadores preditivos (anticorpos, proteínas e microbioma intestinal).

  • Intervenções precoces em pessoas de alto risco.

  • Mudanças ambientais e de estilo de vida — como dieta mediterrânea, cessação do tabagismo e evitação de alimentos ultraprocessados.

  • Pesquisas sobre vacinas e terapias microbiológicas.

Inovação no cuidado

Com o envelhecimento da população e o aumento dos casos, Kaplan defende modelos de cuidado sustentáveis, incluindo:

  • Equipes multidisciplinares (gastroenterologistas, nutricionistas, psicólogos).

  • Telemedicina e monitoramento remoto.

  • Inteligência artificial para prever surtos e otimizar tratamento.

Entre 2025 e 2045, o desafio será duplo: prevenir novos casos e garantir tratamento acessível e eficaz para milhões de pessoas vivendo com DII. O sucesso dependerá da colaboração global entre ciência, políticas públicas e inovação em saúde.

A ocidentalização dos hábitos alimentares — marcada pelo consumo crescente de alimentos ultraprocessados, ricos em aditivos, emulsificantes e compostos que alteram profundamente a microbiota intestinal é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de novos casos.

Dietas baseadas em alimentos naturais, ricos em fibras, polifenóis e gorduras boas, ajudam a modular o microbioma, reduzir a inflamação intestinal e até prevenir o aparecimento da doença. A Nutrição em gastroenterologia é, hoje, uma das áreas mais promissoras e necessárias da saúde — unindo ciência, clínica e propósito para cuidar do nosso maior elo com o mundo: o intestino.

“Os próximos 20 anos serão decisivos para conter o avanço da DII. A prevenção, a nutrição de precisão e a educação alimentar são nossas maiores ferramentas.” — Kaplan, 2025.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Iodo e desempenho cognitivo: confirmando o consumo adequado

O iodo é um micronutriente essencial envolvido na síntese dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), fundamentais para o desenvolvimento do cérebro e para a regulação do metabolismo em todas as fases da vida. Pesquisas recentes reforçam que a ingestão adequada de iodo tem impacto direto no desempenho cognitivo, influenciando funções como memória, atenção, linguagem e capacidade de aprendizado.

Relação entre iodo, tireoide e cognição

Durante a gestação e a infância, o cérebro é especialmente sensível à disponibilidade de iodo. A deficiência nesse período pode causar retardo mental, dificuldades de aprendizagem e redução do QI médio populacional, sendo uma das causas mais preveníveis de comprometimento cognitivo no mundo.

Mesmo níveis leves a moderados de deficiência podem afetar o rendimento escolar e o desenvolvimento neurológico. Por outro lado, o excesso de iodo também pode interferir na função da tireoide, levando a condições como hipotireoidismo ou hipertireoidismo induzidos.

Fontes alimentares e políticas de fortificação

A principal estratégia global para prevenir a deficiência é a iodação do sal de cozinha, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, alimentos como peixes marinhos, frutos do mar, laticínios e ovos são boas fontes naturais.

Estudos populacionais recentes indicam que, em países com programas de iodação bem implementados, os níveis médios de iodo urinário — marcador de ingestão adequada — encontram-se dentro da faixa ideal recomendada (100–199 µg/L em adultos). Isso confirma que a maioria da população está consumindo quantidades adequadas de iodo, reduzindo o risco de comprometimento cognitivo relacionado à deficiência.

O equilíbrio é a chave

O desafio atual não é apenas prevenir a deficiência, mas manter o equilíbrio entre consumo adequado e excesso. Monitoramentos regulares e campanhas educativas continuam sendo essenciais para garantir que toda a população — especialmente gestantes e crianças — receba quantidades ideais desse micronutriente.

Confirmando o consumo adequado de ido

A confirmação do consumo adequado de iodo é um indicador positivo de saúde pública e um fator protetor do desempenho cognitivo coletivo. 🧪 1. Avaliação laboratorial – Excreção urinária de iodo (iodúria)

O método mais utilizado e confiável para avaliar o consumo de iodo é a concentração de iodo na urina, pois cerca de 90% do iodo ingerido é excretado pelos rins.

  • Em estudos populacionais, o indicador principal é a mediana de iodúria (em µg/L).

    • < 100 µg/L → indica deficiência de iodo

    • 100–199 µg/L → consumo adequado

    • 200–299 µg/L → consumo mais do que adequado

    • ≥ 300 µg/L → possível excesso

💡 A OMS recomenda que, para considerar uma população com ingestão adequada de iodo, pelo menos 50% das amostras urinárias devem estar entre 100 e 199 µg/L e menos de 20% abaixo de 50 µg/L.

⚠️ Em nível individual, a iodúria isolada não é tão confiável, pois a concentração pode variar de acordo com o horário, hidratação e dieta recente. Por isso, são preferíveis médias de múltiplas amostras ou exames complementares.

Avaliação da função tireoidiana

A confirmação indireta do consumo adequado também pode ser feita por meio de exames hormonais, que indicam o funcionamento da tireoide:

  • TSH (hormônio estimulante da tireoide)

  • T4 livre (tiroxina livre)

  • T3 (triiodotironina)

Valores dentro das faixas de referência sugerem que o corpo está recebendo iodo suficiente para manter o equilíbrio hormonal. Alterações nesses parâmetros podem indicar deficiência ou excesso de iodo.

Avaliação dietética

Outra forma de estimar o consumo é por inquéritos alimentares (como recordatórios de 24h ou questionários de frequência alimentar), avaliando:

  • Uso de sal iodado no preparo das refeições

  • Frequência de consumo de peixes, frutos do mar, algas, laticínios e ovos

  • Uso de suplementos com iodo (em gestantes ou veganos, por exemplo)

Esses dados ajudam a identificar padrões alimentares que podem levar à deficiência ou ao excesso.

Monitoramento populacional

Em saúde pública, o monitoramento contínuo do estado nutricional de iodo é fundamental. Isso envolve:

  • Análises periódicas da iodúria em amostras representativas da população

  • Controle da iodação do sal (nível de iodo adicionado pelas indústrias)

  • Vigilância de grupos de risco, como gestantes, lactantes e crianças pequenas

Assim, a confirmação do consumo adequado de iodo combina análises laboratoriais (iodúria e hormônios tireoidianos) com avaliações dietéticas e de políticas de fortificação.

Manter níveis dentro da faixa recomendada é essencial para:

  • Garantir o funcionamento saudável da tireoide

  • Promover o desenvolvimento neurológico e cognitivo

  • Evitar distúrbios associados à deficiência ou ao excesso de iodo

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como saber se tenho resistência insulínica e risco de diabetes?

A resistência insulínica é uma das condições metabólicas mais silenciosas e perigosas da atualidade. Ela ocorre quando as células do corpo passam a responder mal à insulina — o hormônio responsável por colocar a glicose (açúcar) para dentro das células e transformá-la em energia.

Quando isso acontece, o pâncreas precisa liberar cada vez mais insulina para manter o açúcar no sangue sob controle. Com o tempo, esse esforço pode levar ao ganho de peso, inflamação, cansaço, dificuldade de emagrecer e até diabetes tipo 2.

Mas afinal, como saber se você tem resistência insulínica?
Os exames laboratoriais revelam muito — e aqui está um guia simples para interpretar seus resultados ⬇️

Você não tem resistência insulínica

- Glicose em jejum está entre 75-95mg/dl
- Razão Triglicerídeos/HDL (TG/HDL) está entre 0,5 e 1
- Insulina está entre 3-8 microUI/mL
- Hemoglobina Glicada (HbA1c) abaixo de 5,6%

Risco leve para resistência insulínica

- Glicose está acima de 95mg/dl
- Razão Triglicerídeos/HDL está acima de 2
- Insulina está entre acima de 8 microUI/mL
- Hemoglobina Glicada está acima de 5,5%

Risco moderado para resistência insulínica

- Glicose está acima de 100mg/dl
- Razão Triglicerídeos/HDL está acima de 3
- Insulina está entre acima de 10 microUI/mL
- Hemoglobina Glicada está acima de 5,7%

Risco severo para resistência insulínica

- Glicose está acima de 110mg/dl (acima de 125mg/dl é diabetes)
- Razão Triglicerídeos/HDL está acima de 4
- Insulina está entre acima de 12 microUI/mL
- Hemoglobina Glicada está acima de 6.0% (acima de 6,4% é comum no diagnóstico de diabetes)

Consultas de nutrição: www.andreiatorres.com/consultoria

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/