Redução de ácido fumárico no teste metabolômico

O ácido fumárico (ou fumarato) é um intermediário do ciclo do ácido tricarboxílico (TCA) (Ciclo de Krebs), essencial para a produção de energia nas mitocôndrias. Ele desempenha um papel na respiração celular, metabolismo de aminoácidos e resposta antioxidante. Níveis baixos de ácido fumárico podem indicar disfunção mitocondrial, metabolismo energético comprometido ou alteração na utilização de aminoácidos.

Possíveis Causas do Ácido Fumárico Baixo

  1. Disfunção Mitocondrial

    • O funcionamento ineficiente do ciclo de Krebs pode reduzir os níveis de fumarato.

    • Pode ser causado por doenças mitocondriais genéticas ou estresse oxidativo que danifica enzimas mitocondriais.

  2. Deficiências Nutricionais

    • Níveis baixos de precursores/cofatores das enzimas do ciclo de Krebs, como:

      • Vitaminas do complexo B (B2, B3, B5) – essenciais para a função enzimática.

      • Magnésio – importante para a produção de ATP.

      • Ferro – necessário para certas enzimas mitocondriais.

  3. Disponibilidade Reduzida de Proteínas ou Aminoácidos

    • O fumarato pode ser produzido a partir do aspartato, tirosina e fenilalanina.

    • Deficiências desses aminoácidos (por dieta inadequada ou má absorção digestiva) podem contribuir para níveis baixos de fumarato.

  4. Síndrome da Fadiga Crônica e Distúrbios Metabólicos

    • Síndrome da fadiga crônica (SFC/EM) ou fibromialgia podem apresentar desequilíbrios no ciclo de Krebs.

    • Hipotireoidismo ou metabolismo lento podem prejudicar a produção de fumarato.

  5. Exposição a Metais Pesados ou Toxinas

    • Metais pesados (chumbo, mercúrio) e toxinas ambientais podem afetar as enzimas mitocondriais do ciclo TCA.

  6. Deficiência de Fumarase (Doença Genética Rara)

    • Um defeito enzimático raro que impede a produção adequada de fumarato.

    • Associado a problemas neurológicos e atrasos no desenvolvimento.

Formas de Modular e Aumentar os Níveis de Ácido Fumárico

  1. Apoiar a Função Mitocondrial

    • Aumentar a ingestão de cofatores mitocondriais:

      • Coenzima Q10 (CoQ10)

      • Ácido alfa-lipóico

      • L-carnitina

      • Magnésio

  2. Garantir uma Ingestão Adequada de Aminoácidos

    • Consumir proteínas ou suplementos de aminoácidos contendo:

      • Aspartato

      • Tirosina

      • Fenilalanina

  3. Otimizar os Níveis de Vitaminas do Complexo B

    • Vitamina B2 (Riboflavina), B3 (Niacina), B5 (Ácido Pantotênico) – todas essenciais para o metabolismo energético.

  4. Melhorar a Eficiência do Ciclo de Krebs

    • Ácido málico (presente em maçãs e suplementos) pode ajudar a aumentar a produção de fumarato.

    • N-acetilcisteína (NAC) reduz o estresse oxidativo que pode afetar as mitocôndrias.

  5. Reduzir o Estresse Oxidativo e Desintoxicar

    • Apoiar os níveis de glutationa (NAC, selênio, cardo-mariano).

    • Evitar exposição a metais pesados (testar e usar quelantes, se necessário).

  6. Exercício Físico e Terapia com Luz Vermelha

    • Exercício aeróbico moderado melhora a eficiência mitocondrial e pode estimular a produção de fumarato.

    • Terapia com luz vermelha/infravermelha (LLLT) melhora a função mitocondrial.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genética e estresse oxidativo

A interpretação dos polimorfismos nesses genes em relação ao risco de estresse oxidativo aumentado deve considerar suas funções na defesa antioxidante, no metabolismo de radicais livres e na resposta inflamatória. São muitos genes importantes e a interpretação ideal é feita de forma agregada, por meio de algorítimos estatísticos:

1. Genes Envolvidos na Neutralização de Espécies Reativas de Oxigênio (ROS)

Esses genes codificam enzimas antioxidantes que neutralizam radicais livres e protegem contra danos oxidativos:

  • SOD1, SOD2, SOD3 (Superóxido Dismutase 1, 2 e 3)

    • SOD1 (citoplasmática), SOD2 (mitocondrial) e SOD3 (extracelular) convertem o radical superóxido (O₂⁻) em peróxido de hidrogênio (H₂O₂).

    • Polimorfismos na SOD2 (Val16Ala, rs4880) estão associados a menor atividade mitocondrial da enzima e maior risco de dano oxidativo.

  • CAT (Catalase)

    • Decompõe H₂O₂ em água e oxigênio.

    • Variantes podem reduzir sua eficiência, aumentando os níveis de peróxido na célula.

  • GPX1, GPX3, GPX4 (Glutationa Peroxidase 1, 3 e 4)

    • Reduzem o peróxido de hidrogênio e lipídios oxidados.

    • Polimorfismos, como rs1050450 (GPX1 Pro198Leu), podem reduzir a atividade antioxidante.

  • GSR (Glutationa Redutase)

    • Regenera o glutationa reduzido (GSH), essencial para a defesa antioxidante.

    • Polimorfismos podem afetar a reciclagem da glutationa e aumentar o estresse oxidativo.

  • GSTP1, GSTM1 (Glutationa S-Transferases Pi e Mu 1)

    • Atuam na detoxificação de radicais livres e metabólitos oxidativos.

    • A deleção de GSTM1 (gene nulo) está associada a maior vulnerabilidade ao estresse oxidativo.

2. Genes Envolvidos no Metabolismo de Substâncias Oxidantes

Esses genes influenciam a degradação de compostos tóxicos e a sensibilidade ao estresse oxidativo:

  • ALDH2 (Aldeído Desidrogenase 2)

    • Degrada aldeídos tóxicos, incluindo os gerados pelo estresse oxidativo.

    • O polimorfismo rs671 (Glu504Lys) reduz sua atividade, aumentando a suscetibilidade ao dano oxidativo.

  • G6PD (Glicose-6-Fosfato Desidrogenase)

    • Mantém os níveis de NADPH para regeneração da glutationa.

    • Deficiências genéticas podem levar a maior vulnerabilidade ao dano oxidativo.

  • NQO1 (NAD(P)H Quinona Oxidorredutase 1)

    • Metaboliza quinonas para evitar a formação de radicais livres.

    • O polimorfismo rs1800566 (C609T) reduz a atividade enzimática, aumentando o estresse oxidativo.

  • EPHX1 (Epóxido Hidrolase 1)

    • Atua na detoxificação de epóxidos tóxicos, reduzindo o risco de danos oxidativos.

    • Polimorfismos podem aumentar ou reduzir sua atividade.

3. Genes Reguladores da Resposta ao Estresse Oxidativo

Esses genes influenciam a ativação de mecanismos antioxidantes e a resposta ao estresse celular:

  • NFE2L2 (Nrf2 – Nuclear Factor Erythroid 2-Related Factor 2)

    • Regula a expressão de enzimas antioxidantes.

    • Polimorfismos podem reduzir sua ativação, diminuindo a defesa antioxidante.

  • SIRT6 (Sirtuína 6)

    • Modula a resposta ao estresse oxidativo e a longevidade celular.

    • Polimorfismos podem influenciar a resistência ao dano oxidativo.

4. Genes Relacionados à Inflamação e Estresse Oxidativo

A inflamação crônica pode aumentar a produção de radicais livres, piorando o estresse oxidativo:

  • IL-6 (Interleucina-6)

    • Regula a inflamação e pode aumentar o estresse oxidativo.

    • O polimorfismo rs1800795 (-174G>C) está associado a níveis elevados de IL-6 e maior inflamação.

  • TNF (Fator de Necrose Tumoral Alfa)

    • Polimorfismos, como rs1800629 (-308G>A), aumentam a expressão de TNF-α, amplificando o estresse oxidativo.

  • TLR4 (Toll-Like Receptor 4)

    • Modula a resposta inflamatória a patógenos.

    • Variantes podem aumentar a ativação inflamatória e o dano oxidativo.

5. Outros Genes Relacionados ao Estresse Oxidativo

  • ADA (Adenosina Desaminase): Relacionada à modulação da resposta imune e inflamatória, podendo afetar indiretamente o estresse oxidativo.

  • CBS (Cistationina Beta-Sintase): Envolvida no metabolismo da homocisteína, um fator pró-oxidativo.

  • HFE (Gene da Hemocromatose): Relacionado à homeostase do ferro, impactando a produção de radicais livres via reação de Fenton.

  • SELENOF (Selenoproteína F): Atua na resposta antioxidante, auxiliando na proteção contra danos oxidativos.

  • SLC2A14 (Transportador de Glicose 14): Regula o metabolismo energético celular, influenciando indiretamente a produção de ROS.

  • ZNF648: Possível envolvimento na regulação da expressão gênica em resposta ao estresse oxidativo.

Conclusão

Os polimorfismos nesses genes podem aumentar o risco de estresse oxidativo ao reduzir a capacidade antioxidante, comprometer a detoxificação de metabólitos tóxicos ou amplificar a inflamação. Indivíduos com variantes de SOD2, GPX1, GSTM1, NQO1, NFE2L2, IL-6 e TNF podem apresentar maior suscetibilidade ao dano oxidativo, sendo recomendável adotar estratégias antioxidantes (alimentação rica em antioxidantes, controle da inflamação e redução da exposição a estressores ambientais).

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Genética e funcionamento mitocondrial

A interpretação dos polimorfismos desses genes em relação ao funcionamento mitocondrial pode ser dividida em diferentes categorias, considerando suas funções e interações com o metabolismo energético, o transporte de elétrons e a biogênese mitocondrial. Algorítmos estatísticos são usados para interpretação de alteração de genes associados a metabolismo mitocondrial, incluindo:

1. Genes Relacionados à Biogênese Mitocondrial e Regulação do Metabolismo Energético

  • PPARGC1A, PPARGC1B: Regulam a biogênese mitocondrial e a função oxidativa. Polimorfismos nesses genes podem afetar a eficiência da produção de ATP e a resistência à fadiga.

  • PPARA, PPARD, PPARG: Envolvidos na regulação da oxidação de ácidos graxos e metabolismo lipídico, com impacto no funcionamento mitocondrial e na resistência muscular.

  • NRG1: Relacionado ao desenvolvimento neuromuscular e à regulação da função mitocondrial.

2. Genes Relacionados à Cadeia Transportadora de Elétrons e Produção de ATP

  • MT-ND4 (DNA mitocondrial), NDUFS3, NDUFS7, NDUFS8: Componentes do complexo I da cadeia transportadora de elétrons. Polimorfismos podem afetar a eficiência da produção de ATP e gerar maior produção de radicais livres.

  • ATP5G3: Participa da síntese de ATP na mitocôndria. Alterações podem reduzir a capacidade de regeneração energética celular.

  • UQCRC2: Componente do complexo III da cadeia transportadora de elétrons, envolvido na produção de ATP e no controle do estresse oxidativo.

  • SUCLA2: Importante para o metabolismo energético mitocondrial, atuando na regeneração do GDP e GTP, essenciais para a manutenção do ciclo de Krebs.

3. Genes Relacionados ao Transporte e Metabolismo de Substratos Energéticos

  • SLC16A1 (MCT1): Codifica transportadores de monocarboxilatos (como lactato). Polimorfismos podem influenciar o metabolismo anaeróbico e a fadiga muscular.

  • MCT1: Influencia o transporte de lactato entre células musculares e mitocôndrias, impactando a capacidade de resistência.

  • AMPD1: Envolvido na degradação de nucleotídeos de adenosina, influenciando a recuperação energética pós-exercício.

4. Genes Relacionados à Hipóxia e Adaptação ao Estresse Oxidativo

  • HIF1A, EPAS1: Regulam a resposta à hipóxia e influenciam a eficiência do metabolismo aeróbico e a angiogênese.

  • NOS3: Relacionado à produção de óxido nítrico, influenciando a vasodilatação e o fornecimento de oxigênio para as mitocôndrias.

  • UCP2: Envolvido na dissipação do potencial de membrana mitocondrial e na redução da produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), podendo afetar a eficiência energética.

5. Genes Relacionados à Inflamação e Resiliência Mitocondrial

  • IL-6, CRP: Marcadores inflamatórios que podem afetar a função mitocondrial indiretamente, alterando a homeostase energética.

  • MMP3: Relacionado à remodelação da matriz extracelular, podendo impactar a integridade celular e a função mitocondrial em situações de estresse físico.

6. Genes Relacionados à Regulação Hormonal e do Ritmo Circadiano

  • CLOCK: Regula o ritmo circadiano e pode influenciar o metabolismo mitocondrial ao modular a demanda energética ao longo do dia.

  • TRHR: Relacionado à regulação da tireoide, afetando indiretamente o metabolismo energético mitocondrial.

Conclusão

A interpretação dos polimorfismos nesses genes depende do contexto específico (por exemplo, desempenho esportivo, doenças mitocondriais, metabolismo energético). Polimorfismos em genes da cadeia transportadora de elétrons podem afetar a produção de ATP, enquanto aqueles relacionados à biogênese mitocondrial e metabolismo energético podem modular a eficiência do uso de substratos e a resposta ao estresse oxidativo.

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