Nutrição na prevenção das doenças autoimunes neurológicas

As doenças autoimunes neurológicas são condições em que o sistema imunológico ataca erroneamente as células e tecidos do sistema nervoso. Exemplos incluem a esclerose múltipla, a encefalomielite autoimune e a síndrome de Guillain-Barré. Essas doenças podem levar a inflamação crônica e danos ao sistema nervoso, resultando em sintomas neurológicos variados, como fraqueza muscular, fadiga, alterações cognitivas e problemas motores.

Prevenção e Estratégias Nutricionais:

Embora não haja uma maneira garantida de prevenir doenças autoimunes neurológicas, várias estratégias nutricionais podem ajudar a controlar a inflamação e apoiar a saúde geral, bem como a saúde do sistema nervoso.

  1. Dieta anti-inflamatória:

    • Ácidos graxos ômega-3: Presentes em peixes gordurosos (como salmão, sardinha, cavala), sementes de linhaça e nozes. Eles ajudam a reduzir a inflamação e a melhorar a saúde do cérebro.

    • Antioxidantes: Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas vermelhas (morango, mirtilo), vegetais de folhas verdes (espinafre, couve) e nozes, podem ajudar a combater o estresse oxidativo e a inflamação no sistema nervoso.

    • Curcumina: A curcumina, encontrada no açafrão-da-terra (cúrcuma), tem propriedades anti-inflamatórias que podem ser benéficas na modulação de doenças autoimunes.

    • Vitaminas D e E: A vitamina D tem um papel importante na regulação do sistema imunológico. A deficiência de vitamina D tem sido associada a várias doenças autoimunes, incluindo as neurológicas. Alimentos ricos em vitamina D incluem peixes gordurosos e alimentos fortificados. A vitamina E, presente em óleos vegetais e sementes, também pode ajudar na proteção celular.

  2. Controle da glicemia:

    • Manter os níveis de glicose no sangue estáveis pode reduzir a inflamação. Uma dieta com baixo índice glicêmico, que inclui grãos integrais, vegetais e legumes, pode ser útil.

  3. Atenção ao glúten e a outras proteínas inflamatórias:

    • Algumas pessoas com doenças autoimunes podem se beneficiar da redução ou eliminação de alimentos que causam inflamação, como o glúten (presente no trigo, cevada e centeio). Isso pode ser relevante em condições como a esclerose múltipla, onde a sensibilidade ao glúten pode agravar os sintomas.

Modulação da Microbiota Intestinal:

A microbiota intestinal tem um papel central na modulação da função imunológica, e seu desequilíbrio (disbiose) tem sido associado a doenças autoimunes, incluindo as neurológicas. A modulação da microbiota intestinal pode, portanto, ser uma estratégia importante no manejo dessas condições.

  1. Probióticos:

    • Probióticos são microrganismos vivos que podem ajudar a restaurar um equilíbrio saudável da microbiota intestinal. Alimentos ricos em probióticos incluem iogurte, kefir, chucrute, kimchi, miso e outros alimentos fermentados.

    • Alguns estudos sugerem que os probióticos podem ajudar a reduzir a inflamação e apoiar a função imunológica, o que pode ser benéfico em doenças autoimunes.

  2. Prebióticos:

    • Prebióticos são fibras alimentares que alimentam as bactérias benéficas do intestino. Alimentos ricos em prebióticos incluem alho, cebola, aspargos, bananas verdes e alcachofras.

    • Prebióticos ajudam a promover o crescimento de bactérias benéficas, que podem ter efeitos anti-inflamatórios e ajudar a regular o sistema imunológico.

    • Goma acácia - fibra prebiótica bem tolerável. Não costuma causar desconforto. Compre aqui.

    • Goma guar parcialmente hidrolizada - idem. Compre aqui.

    • Mistura das duas + inulina. Compre aqui.

  3. Dieta rica em fibras:

    • A ingestão adequada de fibras pode melhorar a diversidade da microbiota intestinal e reduzir a inflamação. Alimentos ricos em fibras incluem legumes, frutas, grãos integrais e leguminosas.

  4. Evitar alimentos ultraprocessados:

    • Os alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares refinados, gorduras trans e aditivos artificiais, podem prejudicar a microbiota intestinal e promover um ambiente inflamatório. Limitar o consumo desses alimentos é fundamental para manter uma microbiota saudável.

A combinação de uma dieta anti-inflamatória e a modulação da microbiota intestinal oferece um potencial promissor na prevenção e no manejo das doenças autoimunes neurológicas. No entanto, é importante ressaltar que o acompanhamento médico é fundamental, já que cada pessoa pode reagir de maneira diferente às intervenções dietéticas e de microbiota. Além disso, fatores genéticos e ambientais também desempenham um papel importante no desenvolvimento dessas doenças. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online.

Aprenda mais nos cursos online:

Modulação da microbiota intestinal.

Dieta antiinflamatória.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Disbiose intestinal em pacientes com lúpus

A relação entre disbiose intestinal e lúpus (lúpus eritematoso sistêmico - LES) tem sido objeto de crescente interesse na pesquisa médica. O lúpus é uma doença autoimune crônica, onde o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo, causando inflamação e danos a órgãos como pele, articulações, rins e coração. A disbiose intestinal, por sua vez, é o desequilíbrio na composição da microbiota intestinal, que pode ter um impacto significativo sobre a saúde imunológica e, em particular, sobre doenças autoimunes como o lúpus.

Como a disbiose intestinal pode influenciar o lúpus?

  1. Modulação do sistema imunológico:

    A microbiota intestinal desempenha um papel crucial na regulação do sistema imunológico. Quando a microbiota está desequilibrada (disbiose), pode ocorrer uma alteração na resposta imunológica, o que pode contribuir para a ativação inadequada do sistema imunológico, um fator central no desenvolvimento de doenças autoimunes como o lúpus.

    Em indivíduos com lúpus, o sistema imunológico pode atacar erroneamente os próprios tecidos do corpo, e a disbiose intestinal pode exacerbar esse comportamento ao aumentar a produção de citocinas inflamatórias e células T autorreativas, que são características de doenças autoimunes.

  2. Permeabilidade intestinal aumentada ("intestino permeável"):

    A disbiose intestinal pode afetar a barreira intestinal, tornando-a mais permeável. Esse aumento na permeabilidade pode permitir a entrada de substâncias que normalmente seriam mantidas fora da corrente sanguínea, como endotoxinas bacterianas e fragmentos de microrganismos. Isso pode ativar o sistema imunológico e desencadear uma resposta inflamatória, que pode agravar a doença autoimune.

    No caso do lúpus, a permeabilidade intestinal aumentada pode resultar em um aumento da carga antigênica (substâncias que podem induzir uma resposta imunológica) no corpo, o que pode contribuir para a ativação do sistema imunológico contra os próprios tecidos, agravando a inflamação sistêmica.

  3. Microbiota e inflamação crônica:

    Em pacientes com lúpus, a disbiose intestinal pode estar associada ao aumento da inflamação crônica. Certas bactérias patogênicas ou desequilibradas podem induzir a produção de citocinas inflamatórias (como TNF-alfa e IL-6), que perpetuam o processo inflamatório e podem afetar a progressão da doença.

    O desequilíbrio da microbiota pode resultar em uma predominância de microrganismos pró-inflamatórios em detrimento de microrganismos benéficos, o que exacerba a inflamação e o processo autoimune.

  4. Evidências científicas:

    Estudos em modelos experimentais e humanos sugerem que a microbiota intestinal de pacientes com lúpus pode ser diferente daquela de indivíduos saudáveis. Alguns estudos apontaram uma diminuição de bactérias benéficas como Lactobacillus e Bifidobacterium, enquanto outros sugerem um aumento de bactérias que podem promover inflamação, como Firmicutes e Proteobacteria.

    Alguns pesquisadores observaram que o desequilíbrio da microbiota intestinal pode estar associado ao agravamento dos sintomas do lúpus, como lesões renais, e podem influenciar a atividade da doença.

  5. Resposta imune alterada:

    A microbiota intestinal influencia a produção de moléculas que regulam a resposta imune, incluindo anticorpos. No caso do lúpus, a disbiose pode impactar a produção de anticorpos antinucleares (ANA), que são característicos dessa doença autoimune e estão frequentemente presentes em pacientes com lúpus.

  6. Tratamentos potenciais e estratégias terapêuticas:

    Probióticos e prebióticos: Como a disbiose intestinal pode contribuir para a inflamação e desregulação do sistema imunológico, o uso de probióticos (bactérias benéficas) e prebióticos (substâncias que alimentam essas bactérias) tem sido investigado como uma possível abordagem terapêutica. Estudos mostram que o uso de probióticos pode ajudar a restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal e reduzir a inflamação, embora mais pesquisas sejam necessárias para entender seu impacto específico no lúpus.

    Dieta anti-inflamatória: Dietas que favorecem a saúde intestinal e reduzem a inflamação podem ser úteis para pacientes com lúpus. Isso inclui o consumo de alimentos ricos em fibras, antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, que podem ajudar a restaurar a saúde da microbiota e reduzir a inflamação sistêmica.

    Uso de medicamentos para modulação da microbiota: Embora ainda em fase experimental, há um interesse crescente no uso de medicamentos que possam modular a microbiota intestinal, como antibióticos seletivos ou substâncias que promovam o crescimento de bactérias benéficas.

A disbiose intestinal parece ter um papel importante na patogênese do lúpus, especialmente no que diz respeito à modulação da resposta imunológica e à promoção da inflamação sistêmica. Embora ainda haja muitos aspectos a serem explorados, as evidências sugerem que melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal pode ser uma estratégia promissora para ajudar a controlar a atividade da doença e melhorar a qualidade de vida de pacientes com lúpus. No entanto, mais estudos são necessários para determinar a eficácia e segurança dessas abordagens terapêuticas.

A gestão do lúpus, incluindo o controle da microbiota intestinal, deve ser realizada em conjunto com o tratamento médico convencional, que envolve imunossupressores e outros medicamentos direcionados à doença autoimune.

Aprenda a modular a microbiota intestinal no curso online.

Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Disbiose intestinal na tireoidite de Hashimoto

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, levando à inflamação crônica e, muitas vezes, a uma diminuição da função tireoidiana (hipotireoidismo). A disbiose intestinal refere-se ao desequilíbrio na microbiota intestinal, que pode influenciar a saúde geral e a função imunológica. Há crescente interesse na conexão entre a disbiose intestinal e doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto.

Relação entre tireoidite de Hashimoto e disbiose intestinal

  1. Desregulação imunológica:

    A disbiose intestinal pode impactar a função do sistema imunológico de diversas maneiras. A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na modulação da resposta imune, e quando há um desequilíbrio na composição das bactérias intestinais, isso pode levar a uma ativação excessiva do sistema imunológico.

    Em doenças autoimunes como a tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico começa a atacar células da tireoide como se fossem corpos estranhos. A disbiose pode potencializar esse processo, aumentando a inflamação e desregulando a resposta imune.

  2. Aumento da permeabilidade intestinal ("intestino permeável"):

    A disbiose pode comprometer a barreira intestinal, conhecida como barreira intestinal ou permeabilidade intestinal. Quando essa barreira é danificada, ela permite que toxinas, microrganismos e outras substâncias inflamatórias entrem na corrente sanguínea, o que pode desencadear respostas imunológicas sistêmicas e potencialmente contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto.

    A permeabilidade intestinal aumentada pode facilitar a passagem de antígenos que ativam o sistema imunológico e, em pessoas geneticamente predispostas, contribuir para o desenvolvimento ou piora de doenças autoimunes.

  3. Microbiota intestinal e respostas inflamatórias:

    Um desequilíbrio na microbiota intestinal pode favorecer um aumento de bactérias pró-inflamatórias e uma diminuição das bactérias benéficas. Isso pode levar a uma maior produção de citocinas inflamatórias, que podem não só promover a inflamação intestinal, mas também afetar a tireoide.

    Algumas pesquisas sugerem que a disbiose pode afetar a produção de moléculas que regulam a inflamação e a imunidade, impactando condições autoimunes como a tireoidite de Hashimoto.

  4. Deficiência de nutrientes:

    A microbiota intestinal também desempenha um papel na absorção de nutrientes essenciais, incluindo aqueles necessários para o bom funcionamento da glândula tireoide (como selênio, iodo, zinco, entre outros). A disbiose intestinal pode prejudicar a absorção desses nutrientes, o que pode agravar os sintomas da tireoidite de Hashimoto e até contribuir para o desenvolvimento de hipotireoidismo.

  5. Estudos e evidências:

    Alguns estudos sugerem que pacientes com doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto, podem apresentar alterações na composição da microbiota intestinal. Por exemplo, pode haver uma diminuição de bactérias benéficas, como Lactobacillus e Bifidobacterium, e um aumento de microrganismos associados à inflamação.

    Pesquisas também indicam que intervenções para melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal, como o uso de probióticos e mudanças na dieta, podem ajudar a melhorar a função imunológica e a inflamação em pacientes com condições autoimunes, embora mais estudos sejam necessários para estabelecer tratamentos conclusivos.

  6. Possíveis terapias:

    Probióticos e prebióticos: Como a microbiota intestinal pode influenciar a resposta imunológica, terapias que visam restaurar o equilíbrio da microbiota (como o uso de probióticos e prebióticos) têm sido exploradas como uma forma de ajudar no controle de doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto.

    Dieta anti-inflamatória: Dietas que focam na redução da inflamação e no apoio à saúde intestinal (ricas em fibras, alimentos fermentados e com baixo teor de açúcar refinado) podem ter um papel na modulação da microbiota e ajudar a controlar a resposta imunológica.

Embora a disbiose intestinal e a tireoidite de Hashimoto sejam condições distintas, elas podem estar interconectadas por meio da modulação do sistema imunológico e da inflamação crônica. A disbiose intestinal pode contribuir para a progressão da tireoidite de Hashimoto e de outras doenças autoimunes, afetando a imunidade e a absorção de nutrientes essenciais. O tratamento da disbiose intestinal, por meio de dieta e probióticos, pode ser uma estratégia útil para melhorar o equilíbrio imunológico e potencialmente ajudar no controle da doença. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender completamente essa relação e as melhores abordagens terapêuticas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/