Alfa GPC na esclerose lateral amiotrófica

O Alpha-GPC (alfa glicerofosforilcolina) é um composto que atua como um precursor de acetilcolina, um neurotransmissor importante para o funcionamento adequado dos músculos e do sistema nervoso. Embora o Alpha-GPC seja mais conhecido pelo seu potencial para melhorar a cognição e a saúde cerebral, existe interesse em explorar seus efeitos no contexto de doenças neurodegenerativas, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

A acetilcolina desempenha um papel crítico na transmissão neuromuscular, ou seja, na comunicação entre os neurônios motores e os músculos. Na ELA, a perda de neurônios motores leva à falha na comunicação com os músculos, resultando em fraqueza muscular e atrofia.

Como o Alpha-GPC aumenta os níveis de acetilcolina, teoricamente, ele pode melhorar a função neuromuscular em pacientes com ELA, ajudando a aliviar alguns sintomas de fraqueza muscular e melhorar a função motora.

Alpha-GPC tem sido sugerido como um composto neuroprotetor, uma vez que pode fornecer colina para a produção de acetilcolina e para a manutenção das membranas celulares nos neurônios. Essa função pode ajudar a proteger os neurônios motores remanescentes da degeneração.

Embora a ELA afete principalmente os neurônios motores, em alguns casos também pode impactar a cognição, especialmente nas fases avançadas da doença. Alpha-GPC tem sido usado para melhorar a memória e a função cognitiva em outras condições neurodegenerativas, como o Alzheimer, e pode ter efeitos semelhantes em casos de ELA com envolvimento cognitivo.

Ao melhorar a neurotransmissão colinérgica, o Alpha-GPC pode teoricamente ajudar a sustentar a força muscular e a função motora, embora isso ainda precise ser estudado de forma específica em pacientes com ELA.

Atualmente, ainda não existem muitos estudos clínicos robustos que explorem diretamente o uso do Alpha-GPC especificamente em pacientes com ELA. A maior parte dos estudos sobre Alpha-GPC foca em condições relacionadas ao declínio cognitivo, como o Alzheimer, e em sua capacidade de melhorar a função cerebral em geral.

No entanto, devido ao seu papel na neurotransmissão colinérgica e ao seu potencial neuroprotetor, o Alpha-GPC é considerado um suplemento promissor para doenças neurodegenerativas de modo geral, incluindo a ELA.

Dosagem, segurança e recomendações

As dosagens típicas de Alpha-GPC para efeitos cognitivos e de suporte neuromuscular geralmente variam entre 300 mg a 1.200 mg por dia, divididas em duas ou três doses ao longo do dia. No entanto, não há uma dosagem específica estabelecida para a ELA, e a utilização deve ser feita sob supervisão nutricional. Fisioterapia, e suplementação com outros nutrientes neuroprotetores, como ácidos graxos ômega-3, vitamina E, e antioxidantes, continuam a ser recomendados.

Apesar de o Alpha-GPC ser considerado relativamente seguro, mas pode causar efeitos colaterais leves em alguns casos, como dores de cabeça, insônia, ou desconforto gastrointestinal.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Patogênese da esclerose lateral amiotrófica

O artigo Amyotrophic Lateral Sclerosis: A Neurodegenerative Disorder Poised for Successful Therapeutic Translation discute avanços recentes na compreensão e no tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), destacando que a doença está em um ponto crucial para a tradução de descobertas científicas em tratamentos eficazes.

O artigo destaca que a ELA tem uma base complexa e multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais e moleculares (Mead et al., 2023). Foram identificadas várias mutações genéticas associadas à doença, como em genes como SOD1, C9orf72, TARDBP, e FUS. Essas mutações fornecem novos alvos para terapias direcionadas.

O entendimento do papel de processos como disfunção mitocondrial, estresse oxidativo, neuroinflamação, e acúmulo de proteínas mal dobradas contribui para o desenvolvimento de terapias mais precisas.

Um avanço crucial mencionado no artigo é a identificação de biomarcadores de ELA, que permitem um diagnóstico mais precoce e o monitoramento da progressão da doença. Biomarcadores no líquido cefalorraquidiano (LCR) e plasma relacionados à neurodegeneração e inflamação estão sendo desenvolvidos para monitorar a resposta ao tratamento e melhorar os ensaios clínicos.

O artigo destaca os avanços em terapia gênica, incluindo o uso de tecnologias como o RNA de interferência (RNAi), terapias antisense (ASO) e edição genética (CRISPR-Cas9). Essas abordagens estão sendo testadas para suprimir a expressão de genes mutantes, como o SOD1, e para corrigir disfunções moleculares em pacientes com mutações genéticas específicas.

As terapias celulares, como o uso de células-tronco e células progenitoras, estão sendo exploradas para restaurar ou substituir neurônios motores perdidos e fornecer suporte trófico ao sistema nervoso. O artigo aponta o potencial das células-tronco em ensaios clínicos e discute a necessidade de entender melhor a interação dessas células com o ambiente inflamatório e degenerativo da ELA.

Embora existam medicamentos aprovados, como o riluzol e o edaravone, suas eficácias são limitadas. O artigo sublinha a necessidade de novas terapias mais eficazes. Uma abordagem promissora mencionada é o repurposing de drogas, em que medicamentos existentes, desenvolvidos para outras doenças, são testados para ELA. Por exemplo, alguns medicamentos anti-inflamatórios e antioxidantes estão sendo avaliados para uso em ELA.

O artigo enfatiza a importância de melhorar o desenho de ensaios clínicos para terapias de ELA, incluindo o uso de biomarcadores para selecionar pacientes e avaliar a eficácia dos tratamentos de forma mais precisa.

A abordagem de medicina personalizada é destacada como crucial para adaptar tratamentos a subtipos específicos de ELA, particularmente em pacientes com diferentes mutações genéticas.

Uma conclusão importante é que a combinação de terapias pode ser necessária para tratar a ELA de forma eficaz, dada a complexidade da doença. Terapias que combinem neuroproteção, redução da inflamação, correção genética e suporte trófico têm maior chance de sucesso.

Apesar dos avanços, o artigo também reconhece desafios, como a dificuldade de penetrar as barreiras biológicas (como a barreira hematoencefálica) e de reverter o dano já estabelecido. No entanto, o crescente entendimento da biologia da ELA e os novos modelos pré-clínicos criam uma oportunidade única para a descoberta e desenvolvimento de terapias eficazes, apontando para um futuro promissor na busca por tratamentos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Relação entre esclerose lateral amiotrófica e o sistema endócrino

O artigo "Amyotrophic Lateral Sclerosis (ALS) and the Endocrine System: Are There Any Further Ties to Be Explored?" explora a relação entre a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e o sistema endócrino, destacando a interação entre a função hormonal e a neurodegeneração.

O artigo examina como a ELA pode estar relacionada a várias disfunções endócrinas. Essa relação é importante para entender a complexidade da doença e suas manifestações clínicas.

O papel dos hormônios tireoidianos na função metabólica e na saúde neuronal é discutido. A disfunção tireoidiana pode influenciar a progressão da ELA.

O artigo também explora a relação entre os níveis de estrogênio e testosterona e o desenvolvimento da ELA, sugerindo que esses hormônios podem ter efeitos neuroprotetores.

O aumento dos níveis de cortisol (hormônio do estresse) em pacientes com ELA é lembrado, considerando como o estresse pode exacerbar a degeneração neuronal.

O artigo destaca a interrelação entre o sistema endócrino e a inflamação, um processo que desempenha um papel crucial na patologia da ELA. Disfunções hormonais podem afetar a resposta inflamatória e, por sua vez, influenciar a progressão da doença. As alterações hormonais podem contribuir para essas mudanças e afetar o metabolismo energético do paciente.

Hormônios podem ter efeitos neuroprotetores. Desequilíbrios hormonais podem afetar sobrevivência neuronal e a saúde do sistema nervoso central. Por isso, além do acompanhamento com neurologista, também é importante o acompanhamento endocrinológico.

A investigação adicional das conexões entre cérebro e saúde hormonal pode oferecer novas oportunidades para intervenções terapêuticas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com ELA.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/