AUTOFAGIA COMO ESTRATÉGIA ANTIENVELHECIMENTO NA SÍNDROME DE DOWN?

Apesar da expectativa média de vida das pessoas com Síndrome de Down ter aumentado muito nas últimas décadas, o risco de Alzheimer precoce permanece alto devido à superexpressão de genes que aumentam a inflamação, o estresse oxidativo, a glicação e o acúmulo de amilóide no cérebro.

Estudos vêm focado no processo de autofagia, um mecanismo de autodestruição controlada de partes de células danificadas, por bactérias, vírus, por compostos tóxicos produzidos pela própria célula, por danos induzidos pelo envelhecimento. Estas células são entregues a lisossomos que digerem o que o corpo não precisa mais. Isso é muito importante principalmente para células com pode de regeneração limitada, como neurônios. Um cientista da Bélgica, Christian de Duve, foi a responsável pela descoberta dos lisossomos. Foi também o responsável pelo entendimento da autofagia.

Alterações no processo de autofagia podem acelerar o envelhecimento e aumentar o risco de neurodegeneração. Por outro lado, a autofagia é essencial para a plasticidade cerebral, necessária para a memória e o aprendizado.

O gene APP, no cromossomo 21 está superexpresso na síndrome de Down e é um provável contribuinte da autofagia deficiente em pessoas com trissomia do cromossomo 21 (Colacurcio et al., 2018).

Alterações na expressão de outros genes podem também comprometer a autofagia, incluindo mTOR, que leva a maior acúmulo de mitocôndrias danificadas e contribui para o Alzheimer em pessoas com síndrome de Down (Domenico et al., 2018; Bordi et al., 2019).

Em 2016, o cientista japonês Yoshinori Ohsumi descobriu que o processo de autofagia era ativado nas leveduras na falta de nutrientes. Algo parecido acontece dentro de nossa células. A partir destes achados pesquisas começaram a surgir para tentar identificar como apoiar a autofagia.

Alguns pesquisadores defendem que a restrição calórica priva a célula de nutrientes e contribui para o processo de autofagia (Jamshed et al., 2019; Erlangga et al., 2023). Mas… deixar criança em jejum? Não precisa, até porque não temos estudos de quanto, como, pra quem, por quanto tempo. Mas também não dá para alimentar toda hora, sem a criança estar com fome e com um monte de porcarias ou excesso de carboidratos. Afinal, elevação da quantidade de glicose no sangue, dispara a insulina, que por sua vez desacelera a autofagia (Møller et al., 2018).

A suplementação de resveratrol vem sendo investigada para ativação de genes que melhoram a autofagia (Tian et al., 2019; Kou, & Ning Chen, 2017; Pineda-Ramírez, & Penélope Aguilera, 2021). Com certeza veremos mais estudos no futuro e esperamos entender mais os efeitos no cérebro da população típica e não típica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/