Metabolismo do triptofano e efeitos neuropsiquiátricos

A metabolômica é uma disciplina que combina diferentes estratégias com o objetivo de extrair, detectar, identificar e quantificar todos os metabólitos que estão presentes em uma amostra biológica e podem fornecer insights sobre a causa de vários transtornos psiquiátricos.

Esquizofrenia, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são transtornos mentais graves e entidades diagnósticas complicadas, devido à sua heterogeneidade fenotípica, biológica e genética, etiologia desconhecida e alterações pouco compreendidas nas vias e mecanismos biológicos. A perturbação da homeostase entre a superprodução de espécies oxidantes, superando a regulação redox e a falta de defesas antioxidantes celulares, resultando em patologia mediada por radicais livres. A subsequente neurotoxicidade contribui para o desenvolvimento destas doenças.

O equilíbrio alterado em algumas vias metabólicas leva a doenças metabólicas, como diabetes, aterosclerose, hipertensão, obesidade e doenças neuropsiquiátricas.

Triptofano e efeitos neuropsiquiátricos

O triptofano é um aminoácido aromático essencial que não pode ser sintetizado em nosso organismo. Carnes de todos os tipos, ovos, laticínios, castanhas, amendoim, ervilha, abacate são exemplos de alimentos fonte de triptofano. Este aminoácido será utilizado para sintetizar proteínas e o restante é metabolizado por células hospedeiras endógenas (via da quinurenina e via da serotonina) ou por microorganismos intestinais (via do indol e seus derivados). Estas moléculas interagem com o hospedeiro e exercem uma variedade de efeitos biológicos locais e heterotópicos circulando no plasma.

Mais de 85 espécies gram-positivas e gram-negativas de bactérias são conhecidas por hidrolisar triptofano em indol pela enzima triptofanase. A concentração fecal de indol foi relatada em uma ampla faixa (de 0,30 a 6,64 milimoles em adultos saudáveis), o que indica que existem diferenças individuais muito grandes no metabolismo do indol. A concentração de indol vai depender da quantidade de triptofano vindo da alimentação e da presença de bactérias como E. coli.

O que avalia o exame indican?

O indol pode ser convertido no fígado em indoxil e depois em indican (sulfatação para permitir excreção urinária) ou indigo. O indican (indoxil sulfato) é um produto de putrefação resultante da desconjugação bacteriana do triptofano dietético em indol no intestino delgado. Os níveis de Indican estão diretamente associados à atividade bacteriana nos intestinos.

Níveis elevados de indican na urina indicam toxemia intestinal ou supercrescimento de bactérias anaeróbicas, putrefação de alimentos não digeridos nos intestinos, distúrbios estomacais (constipação, má absorção), doenças inflamatórias intestinais e insuficiência pancreática. Mas o problema não fica por aí. Excesso de indican pode produzir efeitos neuropsiquiátricos (Yoshida, & Hirayama, 1984).

Fatores que contribuem para aumento de indican

  • Crescimento bacteriano intestinal excessivo (SIBO)

  • Doença celíaca

  • Cirurgia bariátrica

  • Digestão prejudicada de proteína

  • Cirrose hepática

  • Esclerodermia

  • Perda entérica de proteína

  • Envelhecimento

  • Uso de sacarina (adoçante)

  • Esteatorreia

Conduta para recuperação

Utilizar probióticos contendo lactobacillus (L. salivarius, L. plantarum, L. casei) e dieta com redução de açúcares e aminoácidas (antiinflamatória de características levemente cetogênicas) auxiliam na regulação intestinal e menor produção de Indican (indoxil sulfato). Após a recuperação o paciente volta a uma dieta saudável, baseada em plantas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/