Obesidade e risco de declínio cognitivo

O tecido adiposo é um órgão com funções neuroimuno-endócrinas, que participa da homeostase. Assim, a hipertrofia e a hiperplasia dos adipócitos induzem um estado de inflamação crônica que causa alterações no cérebro e induz a neuroinflamação. Estudos mostram uma relação direta entre obesidade e declínio cognitivo, especialmente afetando a memória de trabalho e gerando deficiências de aprendizagem.

Dentre as causas da obesidade estão excesso de consumo calórico, sedentarismo, fatores genéticos e epigenéticos, além de questões psicológicas, sociais e culturais. A questão é que independentemente da causa as células de gorduras aumentadas passam a produzir mais citocinas (IL1ß, IL6, IFNγ, TNFα, MCP1), promovendo inflamação crônica, capaz inclusive de romper a barreira hematoencefálica.

Além disso, dietas ricas em gordura saturada e açúcares também aumentam a liberação de citocinas pró-inflamatórias e contribuem para o aparecimento de marcadores senescentes (relacionados a envelhecimento celular). É sabido que a dieta de qualidade ruim é capaz de induzir alterações na estrutura e função da barreira hematoencefálica e neuroinflamação em diferentes estruturas do sistema nervoso, como cerebelo, amígdala, córtex cerebral, hipocampo e hipotálamo de pessoas obeas, contribuindo para o declínio cognitivo.

Sob condições patológicas, como diabetes tipo 2, também foi relatado aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica, facilitando o acesso de moléculas pró-inflamatórias ao parênquima cerebral, permitindo que elas interajam com a micróglia, a célula imune do sistema nervoso. A micróglia é o macrófago residente no cérebro e responde a sinais inflamatórios periféricos por sua ativação, secretando mais citocinas inflamatórias, perpetuando a condição neuroinflamatória e levando a danos neuronais. Infelizmente, as células da micróglia não são o único componente na neuroinflamação secundária à obesidade. Outras glias, especificamente astrócitos, têm sido extensivamente estudadas em um cenário inflamatório.

Melhore a dieta e reduza a neuroinflamação

Mudanças na dieta podem reverter ou proteger contra a neuroinflamação induzida pela obesidade. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, fast food, gordura saturada e aumentar fibra ajuda a reduzir a deterioração cognitiva. Para quem tem resistência insulínica indica-se a dieta cetogênica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/