FUNÇÃO DOS OLIGODENDRÓCITOS

As células da glia constituem a maioria das células cerebrais. São indispensáveis ​​para manter a homeostase da função cerebral madura e essenciais para o desenvolvimento normal do cérebro. A geração de células gliais (micróglia, astrócitos, oligodendrócitos, células de Schwann) começa tardiamente no estágio embrionário (em torno de 24 semanas após a concepção) e se desenvolve mais pronunciadamente até o final da primeira infância.

Oligodendrócitos

Oligodendrócitos são um tipo de célula da glia com função de fornecer suporte e isolamento para axônios. Fazem isso criando a bainha de mielina. Os oligodendrócitos são encontrados apenas no sistema nervoso central, que compreende o cérebro e a medula espinhal.

Células da glia

À partir do contato da célula progenitora com alguns mediadores químicos, a célula vai ganhando especializações e projeções. À medida que o cérebro amadurece, os oligodendrócitos proliferam, migram dorsalmente e povoam o prosencéfalo antes de se diferenciarem em oligodendrócitos pré-mielinizantes (preOLs). Em seu último destino nos tratos de fibra, os preOLs sofrem proliferação tardia e amadurecem em oligodendrócitos mielinizantes, onde se associam a axônios e produzem bainhas de mielina que envolvem os axônios.

Representação esquemática da progressão da linhagem de oligodendrócitos de células precursoras de oligodendrócitos (OPC) para oligodendrócitos pré-mielinizantes (preOL) e oligodendrócitos mielinizantes (OLG). Os marcadores característicos de cada fase são mostrados no topo das células. Os mecanismos que regulam cada etapa do desenvolvimento do OLG estão resumidos na tabela à esquerda. Os PreOLs são seletivamente vulneráveis ao estresse oxidativo, excitotoxicidade e inflamação. A morte celular de PreOL e a falha de maturação de preOLs regenerados são responsáveis por lesão focal ou difusa da substância branca associada a hipóxia-isquemia cerebral e infecções em bebês prematuros e a termo (Jiang; Nardelli, 2015).

A mielinização fornece um fluxo salutar, suave e rápido de impulsos neurais por todo o Sistema Nervoso Central e permite processos cerebrais mais complexos. A mielinização persiste até a idade adulta, com o pico de atividade ocorrendo entre 6 meses e 2 anos de idade.

Quando o preOL é submetido a estresse oxidativo, excitotoxicidade, inflamação, sua conversão em oligodendrócito maduro fica comprometida. Com isso, observa-se hipomielinização da massa branca cerebral.

A mielinização insuficiente, provavelmente causada pela falta de oligodendrócitos maduros, está ligada ao distúrbio do espectro do autismo, de acordo com um estudo realizado em ratos e cérebros de cádaveres humanos (Phan et al., 2020).

No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) a desmielização também pode ser encontrada. Essas alterações podem ser devidas à desregulação da proliferação de células precursoras de oligodendrócitos. Um das causas pode ser a mutação de genes como ST3GAL3, FOXP2, MEF2C, DUSP6 e SEMA6D.

O exercício físico é uma das melhores maneiras de estimular a mielinização e manter os neurônios disparando com rapidez e eficiência. Além de melhorar as funções do sistema nervoso central, foi demonstrado que o exercício atenua o impacto negativo de uma dieta ruim no sistema nervoso central. Uma dieta rica em gordura saturada (de carnes, leites gordos, produtos industrializados) combinada com um estilo de vida sedentário pode reduzir as células formadoras de mielina, contribuindo para a desmielinização e o declínio cognitivo associado.

Em relação à dieta, estudos mostram que bactérias intestinais boas, presentes em suplementos e alimentos ricos em probióticos (como o kefir e kombucha) têm a capacidade de alterar a expressão gênica associada à remielinização. Em relação aos suplementos, deve-se atentar para o consumo de vitamina D, ômega-3, gorduras monoinsaturadas, e alimentos ricos em antioxidantes que protejam o cérebro contra à neuroinflamação (Adams et al., 2018). Em relação aos suplementos, a melatonina parece ser a mais promissora neste sentido (Gagnon & Godbout, 2018; Kasmaie et al., 2019).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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