Ser um ex-vegano: está tudo bem

Por anos foquei meus atendimentos em vegetarianos e pessoas em transição para o vegetarianismo ou veganismo. Estes pacientes vão e vem e mudam a dieta a cada fase da vida, com base em seus valores, necessidades fisiológicas ou emocionais.

Há anos venho estudando o sistema médico milenar Ayurveda. Apesar de ter nascido na Índia, onde a população é majoritariamente vegetariana, o Ayurveda não é um sistema vegetariano. Os textos clássicos Ayurvédicos descrevem as propriedades curativas tanto de produtos de origem vegetal, quanto animal.

É certo que o vegetarianismo tem sido um componente das práticas ascéticas na Índia. No yoga as práticas vegetarianas baseiam-se no conceito de ahimsa, ou não-ferimento. O vegetarianismo é uma escolha, a minha escolha e apenas isso. Não significa que seja mais saudável ou espiritualmente elevada. Mas vira um dilema para muitas pessoas. Os ex-veganos culpam-se quando resolvem voltar a comer ovos. Os ex-vegetarianos culpam-se quando resolvem voltar a comer peixes.

Infelizmente, apesar do que dizem por aí, obter todos os nutrientes que necessitamos nem sempre é fácil. Mesmo com dietas variadas, uma pessoa que come de tudo pode desenvolver carências nutricionais (ferro, vitamina D, cálcio, vitamina B12, zinco, ômega-3, magnésio são as mais comuns, em todo tipo de dieta).

Veganos, vegetarianos, flexitarianos (os que consomem alimentos de origem animal apenas esporadicamente), onívoros (os que comem de tudo) podem ser saudáveis ou não saudáveis. Assim como vejo onívoros com péssimas dietas vejo veganos com péssimas dietas. E, assim como vejo onívoros com dietas balanceadas vejo veganos e vegetarianos também. Comer não é sempre barato, preparar alimentos não é sempre fácil e ser perfeito não devia ser a meta de ninguém. Precisamos sim cuidar do meio ambiente, dos animais, da vida na terra, da nossa saúde física, emocional e mental. E isso pode ser feito de várias maneiras. Por isso, está tudo bem quando uma pessoa migra de uma dieta para outra. O vai e vem é normal na vida em várias áreas e na alimentação também.

Cada um precisa ouvir o próprio corpo e não as celebridades. Cada um precisa sentir o que vale a pena e não o que é senso comum. Modismos não têm relação com saúde. E, precisando de aconselhamento ficarei feliz em ajudar.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

GENÉTICA E EPIGENÉTICA NA DIABETES

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Existem vários genes que podem aumentar o risco de diabetes por modificarem o metabolismo de carboidratos, lipídios e aminoácidos. A diabetes pode surgir em qualquer fase da vida, inclusive durante a gestação.

Várias mutações genéticas estão associadas a um risco maior de diabetes. Nem todo mundo que carrega uma mutação terá diabetes. No entanto, muitas pessoas com diabetes têm uma ou mais dessas mutações. Pode ser difícil separar o risco genético do risco ambiental, como maus hábitos alimentares e sedentarismo.

O gene TCF7L2 afeta a secreção de insulina e a produção de glicose. O gene ABCC8 ajuda a regular a insulina, o CAPN10 está associado ao risco de diabetes tipo 2 em mexicano. O GLUT2 ajuda a mover a glicose para o pâncreas. Alguns testes genéticos para diabetes tipo 2 estão disponíveis porém precisamos lembrar que estes genes interagem com outros fatores, como a adiposidade corporal, os níveis de colesterol e triglicerídeos, a presença de inflamação e estresse oxidativo.

Ainda não conseguimos com testes prever quem desenvolverá ou não diabetes, pois mesmo pessoas com várias mutações podem não apresentar a doença durante a vida caso adotem dieta saudável, antiinflamatória e associada à atividade física. Hábitos saudáveis atuam como reguladores epigenéticos. A regulação epigenética é o processo pelo qual a atividade de um gene é modificada através ,por exemplo, do contato com determinados nutrientes

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genômica nutricional na síndrome de Down

Nós somos o que comemos, conseguimos digerir, absorver e utilizar. Para comprovar isso surgiu o ramo da ciência conhecido como Genômica Nutricional, baseada em mapeamento genético e no estudo de como os genes interagem com determinados nutrientes, seja para o bem ou para o mal.

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Estes estudos são relativamente novos dentro da área da nutrição e são importantíssimos. Entender como nosso material genético (DNA) responde à nossa alimentação e o podemos fazer para atrasar ou reduzir o risco de condições como diabetes, doença de Alzheimer, hipotireoidismo, obesidade, etc. Estas doenças são comuns na síndrome de Down estando associadas à trissomia do cromossomo 21.

Todos nós possuímos variações genéticas. Algumas delas estão ligadas às nossas necessidades nutricionais. Por exemplo, algumas pessoas podem precisar de pequenas quantidades de vitamina D para estarem saudáveis, enquanto outras pessoas podem necessitar de quantidades mais altas (falei sobre este tema aqui).

Testes genéticos estão disponíveis, e nos ajudam a avaliar (junto com variáveis clínicas, ambientais, antropométricas) o risco de desenvolvimento de condições como obesidade, dislipidemias, diabetes tipo 2, hipertensão, alterações no metabolismo de vitaminas e minerais, intolerância à lactose, intolerância ao glúten, alergias, resposta inflamatória, estresse oxidativo, capacidade de destoxificação.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS EM GENÔMICA NUTRICIONAL
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/