Avaliação nutricional integrativa (o tradicional e o moderno de mãos dadas.

Um bom estado nutricional é um bom indicador de saúde em todas as fases da vida. A avaliação nutricional é uma abordagem complexa realizada pelo nutricionista, com o objetivo de diagnosticar o estado nutricional de pessoas ou grupo. O bom diagnóstico depende da adequada coleta de dados. Sem isso, não é possível intervir de maneira adequada na manutenção ou recuperação do estado de saúde do paciente.

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Corpo, mente e espírito andam juntos. A nutrição integrativa olha para todos estes aspectos do ser humano. Por isto o processo de avaliação nutricional acaba sendo bastante amplo e inclui muitas variáveis, incluindo:

  • sensibilidades e alergias alimentares

  • antropometria

  • nível educacional

  • marcadores inflamatórios

  • marcadores de envelhecimento

  • dificuldades apresentadas

  • emoções envolvidas com o alimento

  • experiências com a alimentação

  • etc

  • genética, epigenética

  • tipo sanguíneo

  • avaliação bioquímica

  • consumo de alimentos

  • preparo dos alimentos

  • constituição ayurvédica (doshas)

  • presença de doenças

  • funcionamento intestinal

  • gostos e hábitos de cada paciente

  • abordagens da medicina tradicional chinesa

  • sazonalidade

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dia nacional do café

Hoje é o dia nacional do café, uma das bebidas mais populares em todo o mundo e uma importante fonte de compostos fenólicos. Estas substâncias apresentarem função de proteção contra predadores e microrganismos para a planta, da formação de pigmentos, aroma e sabor do café. No ser humano, os compostos fenólicos têm ação antioxidante, reduzem os níveis de glicose sanguínea, inativam substâncias carcinogênicas, ajudam na destoxificação e protegem o cérebro contra o envelhecimento. Contudo, estes efeitos variam com a genética de cada pessoa (Hassmann et al., 2014).

Além disso, dependendo da su a genética, beber duas a três xícaras de café por dia pode ajudar a manter as artérias saudáveis ​​e flexíveis, impedindo o acúmulo de cálcio e evitando o risco de entupimento. Estudos mostram que o café também pode ajudar a combater o diabetes, melhorando o controle do açúcar no sangue e pode manter o fígado saudável e "feliz". Mas é café puro e não café adoçado.

O café também pode melhorar a composição da microbiota intestinal (Shawn et al., 2019). Pessoas que consomem mais cafeína possuem no intestino níveis mais altos dos gêneros bacterianos Faecalibacterium e Roseburia e menores quantidades de Erysipelatoclostridium - um gênero bacteriano potencialmente prejudicial e ligado ao maior risco de síndrome metabólica (Smith-Brown et al., 2016). Lembro que a concentração de cafeína no café pode variar de acordo com a quantidade de pó, qualidade do pó, diluição etc.

Novos estudos são necessários já que a cafeína também está presente em outros alimentos e bebidas, que precisam também ser investigados:

Alimentos                                         Volumes         Quantidade (mg)

Café filtrado                                       125 mL             85mg
Café expresso                                   30 mL               60mg
Café solúvel instantâneo               125 mL            65mg
Café descafeinado                          125 mL             3mg
Chás (saquinhos ou folhas)           125 mL             32mg
Chás gelados                                    330 mL            20mg
Chocolate quente                            150 mL            4mg
Bebidas à base de cola                  330 mL            39mg
Bebidas à base de cola diet         330 mL            41mg
Energéticos                                        330 mL           80mg
Fonte: Coffee and Health  

Além disso, os benefícios dependerão da capacidade individual na metabolização da cafeína. Um dos genes muito investigados é o CYP1A2. Você pode ter alguma alteração neste gene que faça de você um metabolizador mais rápido ou mais lento desta substância.

Resposta antioxidante e destoxificação depende da genética de cada um (HASSMAN ET AL., 2014).

Resposta antioxidante e destoxificação depende da genética de cada um (HASSMAN ET AL., 2014).

Metabolizadores lentos terão menos benefícios e mais sintomas desagradáveis em relação ao consumo de café (como suor, irritabilidade, insônia, taquicardia). Metabolizadores rápidos, por outro lado, colherão os benefícios sem a apresentação destas alterações.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Chia e linhaça: ótimas alternativas de fibras importantes para a microbiota intestinal (e podem ser usadas mesmo na dieta cetogênica)

Johanna Budwig, uma bioquímica alemã, desenvolveu a dieta Budwig na década de 1950. A dieta envolve a ingestão de óleo de linhaça misturado com queijo cottage e leite. Budwig acreditava que esta combinação, tornava o ômega-3 mais biodisponível para as células. Ela também acreditava que o óleo poderia impedir o crescimento de tumores. A dieta Budwig também é rica em frutas, vegetais e fibras, além de ser isenta em açúcares, óleos refinados e hidrogenados, outros produtos lácteos (como leite e manteiga), grãos refinados e café. A Dra. Budwig também solicitava que seus pacientes passeassem pela natureza e tomasem 20 minutos de sol diariamente, para fortalecimento do sistema imunológico.

Protocolo Budwig

Protocolo Budwig

De fato, com a dieta a bioquímica observava uma melhoria na saúde, redução da pressão arterial sanguíneal e dos níveis de colesterol. Contudo, não existem evidências de que a dieta Budwig reduza tumores ou trate o câncer.

Mas, de forma geral, este protocolo adapta-se à maioria das pessoas. Comer muitos legumes e frutas faz parte de uma dieta saudável. Porém, se estiver com câncer converse com um nutricionista especialista na área. Não é hora de perder peso pois ficará fraco para enfrentar o tratamento. Também tenha cuidado com o horário dos banhos de sol, pois a exposição ao sol em horários muito quentes aumenta o risco de melanoma e outros tipos de câncer de pele.

Um grande benefício da dieta de Budwig é a ausência de alimentos ultraprocessados. As comunidades humanas ancestrais que consumiam principalmente dietas à base de plantas possuíam um perfil de microbiota intestinal bem adaptado ao consumo de fibras acessíveis à microbiota. No entanto, a industrialização facilitou o consumo de alimentos pobres em fibras boas, o que diminuiu a colonização intestinal por bactérias capazes de degradarem vários tipos de alimentos. Isto sim poderia aumentar a inflamação e o risco de câncer, como o de cólon. O ideal mesmo é adotar uma dieta natural e baseada em plantas (Sonnenburg & Sonnenburg, 2019).

Chia e linhaça são sementes ricas em fibras e gorduras boas

O protocolo Budwig inclui sementes para consumo diário. Chia e linhaça são ricas em gorduras e em fibras (lignanas) e podem entrar até mesmo na dieta cetogênica. Esta permite um consumo muito baixo de carboidratos (cerca de 5% a 10% da ingestão calórica total ou abaixo de 50 g por dia), como forma de aumentar a produção de cetonas.

Mas deve-se pensar muito bem nos outros alimentos a incluir na dieta cetogênica. O consumo de presunto, mortadela, toucinho, bacon, queijos, alimentos ricos em ácidos graxos saturados contribuem para efeitos negativos na microbiota intestinal. O mesmo acontece com dietas ricas em gordura do tipo ômega-6, como óleo de soja e óleo de milho. Já pessoas com dietas mais ricas em ômega-3 (atum, sardinha, chia, linhaça, bacalhau) (PUFAs) possuem uma maior diversidade microbiana e função normal intestinal.

Uma área de controvérsia na dieta cetogênica é o consumo de adoçantes artificiais em substituição aos açúcares naturais. Várias evidências demonstraram que os adoçantes artificiais têm um impacto negativo na saúde do hospedeiro e do intestino. Adoçantes de baixa caloria, como acessulfame de potássio (Ace-K) e sucralose, interrompiam a estrutura e a função da microbiota intestinal e da mucosa intestinal.

Uma sugestão adequada para manter uma microbiota intestinal saudável durante a dieta cetogênica pode ser o uso de pré e probióticos. A principal fonte de prebióticos é representada por frutooligossacarídeos, inulina, galacto-oligossacarídeos de lactulose e trans-galacto-oligossacarídeos. A fermentação de prebióticos pela microbiota intestinal produz SCFAs, que modulam positivamente a composição da microbiota (aumentando as bifidobactérias intestinais e as bactérias do ácido lático), fornecendo uma fonte de energia para os colonócitos. Diferentemente, os probióticos são bactérias vivas (especialmente dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus) e leveduras que, quando administradas em quantidade adequada, mostram efeito positivo na saúde humana; eles geralmente são adicionados a iogurtes ou encontrados em “alimentos especiais”.

Foi relatado que os alimentos enriquecidos com esses microrganismos são capazes de recuperar e melhorar a microbiota intestinal, atingindo o estado de eubiose.

Os produtos lácteos cultivados (kefir, iogurte grego, leitelho tradicional, kefir de água, queijo fermentado, chucrute, kimchi, missô, kombucha e picles) contêm várias e diferentes “bactérias amigáveis”, como Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgarius, Lactobacillus reuteri, Saccharomyces boulardii e Bifidobacterium bifidum.

O consumo moderado de um alimento fermentado com alto teor de gordura é bem recomendado para o intestino humano e a saúde humana. Este essa pessoa fazendo o protocolo Budwig, cetogênico, mediterrâneo ou qualquer outro.

A dieta cetogêncica bem pensada pode ter vários efeitos positivos na saúde (Paoli et al., 2019)

A dieta cetogêncica bem pensada pode ter vários efeitos positivos na saúde (Paoli et al., 2019)

Tanto no protocolo Budwig quanto na dieta cetogênica, adote medidas que melhorem a microbiota e reduzam a inflamação

  • Introduza o uso proteínas vegetais (como a proteína isolada de ervilha);

  • Reduza a ingestão de proteína animal, especialmente de carnes processadas;

  • Consuma alimentos e bebidas fermentados;

  • Evite o uso de adoçantes;

  • Suplemente pré e probióticos, quando necessário;

  • Aumente o consumo de ômega-3 (chia, linhaça, peixes gordos ou suplementos);

  • Consuma gorduras monoinsaturadas (azeitonas, azeite, castanhas, nozes);

  • Evite alimentos ultraprocessados.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/