Guias alimentares baseados em alimentos

Muitas recomendações nutricionais baseiam-se em nutrientes (quantos mg de ferro, cálcio, vitamina C etc cada pessoa precisa). Contudo, muito mais fácil de entender são as orientações dos guias alimentares baseados em alimentos. Estes guias alimentares servem como base para a alimentação e também para a formulação de políticas nacionais sobre alimentação e nutrição, saúde e agricultura, bem como programas de educação nutricional que visam promover hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis. Eles fornecem conselhos ao público em geral sobre alimentos, grupos de alimentos e padrões alimentares que fornecem nutrientes essenciais com o objetivo de promover a saúde geral e prevenir doenças crônicas.

O Brasil tem um guia alimentar baseado em alimentos (em azul claro na foto abaixo) que pode ser baixado gratuitamente aqui.

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O download dos guias de outros países pode ser feito a partir do site da FAO.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

NUTRIGENÔMICA DA VITAMINA D E PROTEÇÃO CONTRA O COVID-19

A vitamina D pode influenciar a eucromatina e a heterocromatina

A vitamina D pode influenciar a eucromatina e a heterocromatina

A epigenômica estuda o efeito de eventos ambientais na expressão do genoma. A dieta é a principal exposição ambiental ao corpo humano e representa a principal decisão diária do estilo de vida que todo indivíduo toma. Assim, um objetivo central da epigenômica é entender como as moléculas da dieta afetam o epigenoma e a expressão gênica. Este ramo da epigenômica é a nutrigenômica.

Um componente da dieta a influenciar muito o genoma humano é a vitamina D. Este nutriente tem um conhecido papel fisiológico na absorção de cálcio e na mineralização óssea. Porém, suas funções vão muito além do metabolismo do cálcio. Células do sistema imune, por exemplo, possuem receptores nucleares para vitamina D. A vitamina D estimula o reconhecimento eficiente de patógenos bacterianos, inibe a proliferação de M. tuberculosis e outros microorganismos. O receptor de vitamina D e seus ligantes antagonizam ainda a resposta pró-inflamatória (Carlberg, 2019).

A vitamina D é um pró-hormônio esteróide. Em 1920 foi descoberto que para que uma crianças não tenham raquitismo a concentração plasmática de vitamina D precisa ser de no mínimo 20 ng/ml. Porém, a vitamina D não tem como função apenas a modulação de cálcio nos ossos. Mais de 80 reações dependem deste pró-hormônio. Durante a nova pandemia de SARS-COV-2 (conhecida por COVID-19) estudos têm demonstrado que pessoas deficientes em vitamina D apresentam mais infecção pelo vírus e maior mortalidade (Ilie, Stefanescu & Smith, 2020).

Contudo, estas alterações epigenômicas induzidas pela dieta são dinâmicas, ou seja, são frequentemente transitórias e reversíveis. Não adianta ter vitamina D um dia e não ter no outro. A vitamina D pode influenciar a cromatina (DNA, RNA e proteínas), pela ligação ao seu receptor (VDR).

Um estudo indiano publicado em 03/05/2020 mostrou que a vitamina D, associada ao medicamento antiparasitário Ivermectina, têm o potencial de combater a infecção por SARS-COV-2 (ou COVID-19). A combinação impede a entrada do vírus na célula. A vitamina D impede o funcionamento da RNA polimerase, que funciona como uma impressora, copiando o material genético viral (Dasgupta et al., 2020). Este estudo foi feito in vitro e não em humanos, por isso seu grau de evidência é baixo.

Mas outros estudos têm mostrado melhor recuperação em pacientes que fazem suplementação de vitamina D ou tomam sol (Alipio, 2020; Asyary & Veruswati, 2020). A razão principal é o controle da tempestade de citocinas (Daneshkhah et al., 2020). A importância da vitamina D para o sistema imunológico é medicamente indiscutível. Infelizmente, a maior parte da população mundial é deficiente neste pró-hormônio e, com o confinamento, a situação tende a piorar. Por isto, a suplementação tem sido indicada para aumentar os níveis de vitamina D no plasma para pelo menos 40 ng/ml.

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O gráfico a seguir faz parte de um estudo realizado na Indonésia com 780 pacientes. O mesmo mostra que pacientes com concentrações séricas de vitamina D baixa tem uma mortalidade altíssima, enquanto aqueles com concentrações de 40 tem mortalidade zero.

Quanto suplementar? Isto poderia ser individualizado por exame genético. O Projeto 1000 Genomas indicou que os indivíduos diferem, em média, de 4 a 5 milhões de SNPs (polimorfismos ou variações de nucleotídeos simples), cerca de 0,5 milhão de inserções ou deleções e até mil variações maiores de número de cópias. Embora a maioria dessas variações seja funcionalmente neutra, existem muitos milhares de locais em todo o genoma que aumentam o risco de doenças comuns ou mediam a capacidade de resposta a medicamentos.

Com base nos estudos de suplementação de vitamina D3 VitDmet e VitDbol sabemos que cada pessoa mostra uma resposta personalizada à ação da vitamina D3, podendo ser de altos, médios ou baixos respondedores. O VitDmet foi um estudo de intervenção de longo prazo usando suplementação diária de vitamina D3 (0-80 μg) em idosos pré-diabéticos durante 5 meses de inverno finlandês. O VitDbol avaliou os efeitos de uma única dose de vitamina D3 (2000 μg) em jovens e adultos saudáveis. Ambos os estudos indicaram que cerca de 25% dos participantes são de baixa resposta, ou seja, exibem um baixo índice de resposta de vitamina D. Pessoas que respondem com baixa vitamina D são mais vulneráveis ​​à deficiência de vitamina D. Para manter a homeostase da vitamina D em sua atividade ideal, estes indivíduos precisam de suplementação mais alta (talvez 50 a 100 μg) do que as que respondem melhor e precisam de apenas 10 a 20 μg/dia.

Atualmente, com a pandemia, temos indicados dosagens maiores de 5.000 a 10.000 UI ao dia para adultos acima de 50 kg (o dobro para obesos) e 100 a 200 UI por quilo de peso para crianças e adolescentes até 50 kg. Para pacientes com níveis muito baixos de vitamina D (abaixo de 20 indica-se dosagem de ataque de até 600.000 UI para adultos) recuperando de uma única vez os níveis (que passam de 17 para 77 ng/ml após 3 dias). A dosagem é segura. Níveis plasmáticos tóxicos são muito mais altos (cerca de 150 a 240 ng/ml ou mais).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Autismo e alergias alimentares | Alergias alimentares e autismo

Alergias e intolerâncias alimentares podem acometer qualquer pessoa, causando diversos tipos de desconfortos. Apesar da alergia não causar autismo, nem o autismo aumentar o risco de alergias, crianças no TEA (transtorno do espectro autista) que apresentam alergias ou intolerâncias podem apresentar maior neuroinflamação, contribuindo para a piora da irritabilidade. Assim, a criança pode apresentar-se mais chorosa, insatisfeita, com mais dificuldades de comunicação, inquieta.

Além disso, outros sintomas comuns das alergias alimentares podem estar presentes incluindo vermelhidão na pele, coceira, urticária, inchaço nos olhos, coceira nos lábios, dor abdominal, vômitos, diarreia, refluxo, congestão nasal, coceira, tosse, espirros, falta de ar, chiado no peito, tontura.

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As alergias mais comuns na população infantil são a trigo, leite, castanhas, ovo e soja. Contudo, o tratamento nem sempre envolve apenas a exclusão dos alimentos visto que muitas crianças com autismo apresentam alta seletividade alimentar. Como excluir trigo de uma criança que só aceita macarrão feito com este tipo de cereal? Por isso, além do acompanhamento nutricional (inclusive para a reposição de nutrientes essenciais, por meio de suplementação), é fundamental também o acompanhamento com médico alergista e terapeuta ocupacional que possa trabalhar toda a questão relacionada à disfunção sensorial. Além disso, todo o apoio do neuro, fono e outros profissionais da área de saúde devem continuar.

Mas, lembre-se, mesmo o tratamento bem sucedido em relação às alergias ou intolerâncias irá curar o autismo, apesar de poder melhorar a sintomatologia relacionada à inflamação, dores e desconfortos abdominais. Falo mais sobre o tema no curso online NUTRIÇÂO NO AUTISMO.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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