A perturbação afetiva bipolar (PAB) ou transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma condição caracterizada pela alternância entre períodos de depressão e períodos de ânimo intenso. Não é uma doença rara. Na verdade parece afetar 5 a 6% da população mundial (Akiskal et al., 2000).
As causas ainda não são totalmente compreendidas, mas tanto fatores ambientais, quanto genéticos têm influência no desenvolvimento da doença. Muitos genes de pequeno efeito contribuem para aumentar o risco, como polimorfismos dos genes CACNA1C, ODZ4 e NCAN (Kerner, 2014). A genética faz com que o TAB seja comum em determinadas famílias.
O TAB tem certamente gatilhos ambientais, incluindo estressores físicos, interpessoais e emocionais, que vão desde infecções e tabagismo na gestação, antecedentes de abuso infantil e estresse de longa duração (Aldinger & Schulze, 2017).
Tipos de transtorno bipolar
O diagnóstico não costuma ser rápido uma vez que não existe um TAB, mas muitos tipos, como em um espectro, com sintomas comuns mas que variam em duração e intensidade em cada indivíduo.
A doença divide-se em TAB tipo 1, TAB tipo 2, ciclotimia, hipertimia e desordem esquizoafetiva. A perturbação ou transtorno bipolar do tipo 1 é caracterizada por pelo menos um episódio maníaco (frequentemente acompanhado de sintomas psicóticos). Manias mais severas são acompanhadas de altos níveis de energia, agitação, inquietação, euforia, presença de pensamentos acelerados, comportamentos impulsivos. Episódios de mania ou depressão podem durar de semanas a meses. Estes períodos são intercalados com períodos de bem-estar, denominados como eutimia.
No distúrbio bipolar do tipo 2 existe pelo menos um episódio hipomaníaco e um episódio depressivo maior. A hipomania caracteriza-se por humor elevado, agradável, expansivo ou irritável, que dura alguns dias (geralmente 1 a 3) ou semanas. O sintoma mais óbvio do distúrbio bipolar 2 é a depressão, três vezes mais frequente do que no distúrbio bipolar do tipo 1.
A ciclotimia é descrita como uma desordem bipolar mais leve, caracterizada por períodos de depressão e hipomania leves. Claro, enventualmente, sem tratamento, pessoas com ciclotimia podem passar a TAB tipo 1 ou 2.
A hipertimia é o termo usado para descrever comportamentos hipomaníacos de longa duração. Os pacientes podem ser vistos como temperamentais, irritáveis. É menos frequentemente diagnosticada uma vez que estes pacientes não costumam buscar tanta ajuda.
A desordem esquizoafetiva geralmente é acompanhada por sintomas psicóticos que ocorrem mesmo fora dos períodos de depressão ou mania. Não é a mesma coisa que esquizofrenia, doença acompanhada de uma série de outros sintomas. Não é simples. Por isso, o diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra.
Tratamento do TAB
O transtorno bipolar é uma doença bastante complexa. Sim, doença. Não é um problema pessoal ou de caráter. É uma doença e séria, que pode ameaçar a vida se deixada sem cuidados. Algumas pessoas conseguem voltar a uma vida mais estável com a medicação. Para a maior parte esta não é a realidade e precisam de outras estratégias que, associadas à medicação, gerem melhores resultados. O tratamento inclui:
Medicação apropriada prescrita e acompanhada por psiquiatra
Psicoterapia que garanta mudanças comportamentais positivas
Mudanças de estilo de vida (dieta cetogênica, suplementação adequada, atividade física, higiene do sono)
Pedido por ajuda, sempre que precisar. Você precisa de ajuda pois seu cérebro não funciona da forma típica. Assim como um diabético não cura o pâncreas com a força da mente e precisa de dieta, exercício e, muitas vezes, medicação, o mesmo acontece no transtorno bipolar.