Nutrição de precisão: a ciência da nutrição individualizada e que leva em conta a sua genética

Dieta e atividade física são fundamentais para a prevenção, gerenciamento e redução das consequências negativas associadas às doenças crônicas (como hipertensão, diabetes e esteatose hepática). Estudos mostram a importância de uma dieta rica em fibras, alimentos nutricionalmente densos (cheios de aminoácidos, gorduras boas, vitaminas e minerais) como frutas, verduras, grãos integrais, leguminosas, castanhas e sementes. Apesar de a maioria das pessoas já conhecerem a importância da dieta saudável, implementar mudanças na rotina alimentar é um desafio para muita gente. Além dos conhecimentos, a mudança requer habilidades para planejamento e preparo de alimentos saudáveis, acesso a estes alimentos, motivação e apoio para mudar práticas. Fatores sociais e comportamentais também influenciam a tomada de decisões em relação a um estilo de vida saudável.

Fora isso, existe toda uma variabilidade genética que faz com que gostemos e aproveitemos os alimentos de forma diversa. Os avanços no sequenciamento do genoma humano e o surgimento das disciplinas nutrigenética e nutrigenômica têm ajudado a transformar a nutrição. Uma maior compreensão da interação entre nutrientes, genes, comportamento e ambiente permite, por exemplo, recomendações nutricionais personalizadas com base na predisposição genética de um indivíduo para doenças.

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O campo da nutrigenética examina as influências dos genótipos associados às doenças crônicas comuns nas respostas às mudanças na dieta. Por exemplo, a doença fenilcetonúria é causada por uma ampla variedade de mutações no gene PAH (12q22-q24.2) que codifica a fenilalanina hidroxilase. Pessoas com estas mutações não podem consumir o aminoácido fenilalanina, que, por não ser metabolizado, gera retardo mental. A fenilalanina está presente em produtos lácteos, carne, peixe, frango, ovos, feijão, nozes e adoçantes artificiais. Mais recentemente, estudos nutrigenéticos identificaram polimorfismos em genes que codificam as enzimas metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) e metionina sintase (MTR). Normalmente, essas enzimas facilitam o metabolismo do folato e auxiliam na regulação da síntese e reparo do DNA, mas os polimorfismos sem sentido estão associados ao aumento do risco de câncer de mama em indivíduos com baixa ingestão de folato, vitamina B6 e vitamina B12.

A nutrigenômica é um campo complementar que busca identificar como os compostos bioativos da dieta afetam a expressão de genes que regulam as vias metabólicas implicadas em doenças crônicas. Estudos nutrigenômicos mostraram que deficiências de folato e de colina interrompem os perfis de expressão gênica envolvidos no metabolismo lipídico e potencialmente influenciam o risco de desenvolver esteatose hepática não alcoólica. Já quando o selênio está deficiente na dieta há o aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias que contribuem para o aumento do risco de doenças cardíacas e vários tipos de câncer.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Saúde mental - como está a sua?

Após o ataque de 11 de setembro nos Estados Unidos e o incêndio da boate Kiss no Brasil, forças-tarefa de assistência psicológica para vítimas e suas famílias foram rapidamente organizadas. No entanto, durante as pandemias, é comum os profissionais de saúde, cientistas e gerentes hospitalares concentrarem seus esforços predominantemente no patógeno e no risco biológico, em um esforço para entender os mecanismos e propor medidas para prevenir, conter e tratar a doença.

Nessas situações, as implicações psicológicas e psiquiátricas secundárias ao fenômeno, tanto no nível individual quanto no coletivo, tendem a ser subestimadas e negligenciadas, gerando lacunas nas estratégias de enfrentamento e aumentando a carga de doenças associadas.

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Até o momento, o COVID-19 já infectou no mundo mais de 4 milhões de pessoas e matou mais de 286 mil. O Brasil é o 7o país em número de casos oficiais, devendo chegar ao topo da lista em pouco tempo se medidas adequadas não forem implementadas. Em número de mortes já está em 5o lugar na lista.

As incertezas, as confusões políticas, o atraso na implementação de medidas, a disseminação de medidas falsas, geram medo, um mecanismo de defesa e sobrevivência. No entanto, emoções fortes, quando crônicas ou desproporcionam, tornam-se prejudiciais aumentando o risco de transtornos de ansiedade, estresse e depressão. No momento, estima-se que o número de pessoas cuja saúde mental esteja afetada seja superior ao número de pessoas afetadas pela infecção. Além disso, transtornos mentais duram mais tempo, gerando impactos negativos, tanto psicossociais, quanto econômicos.

O fornecimento de primeiros socorros psicológicos é um componente de assistência essencial para populações vítimas de emergências e desastres. Contudo, no Brasil, um grande país em desenvolvimento com acentuadas disparidades sociais, baixos níveis de educação e cultura humanitária-cooperativa, não há parâmetros. para estimar o impacto desse fenômeno na saúde mental ou no comportamento da população.

Profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, devem estar na linha de frente, assumindo um papel de liderança, prestando assistência, estabelecendo protocolos, treinando equipes para lidarem com traumas e situações de estresse. O governo deve assegurar adequado número de profissionais e estrutura adequada para a prestação de serviços na área de saúde mental.

Individualmente devemos contiuar nos cuidando, entrando em contato com familiares e amigos, seguindo as recomendações de segurança da OMS, prestando atenção às nossas necessidades e sentimentos, meditando, pratincando yoga, comendo de forma saudável, limitando a exposição à notícias (quando isso estiver agravando o estresse), dormindo bem, mantendo a atividade física e buscando ajuda sempre que precisar.

Mais orientações no artigo publicado por pesquisadores de Porto Alegre (Ornell et al., 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alimentação e problemas comportamentais

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico caracterizado por sintomas persistentes de desatenção, impulsividade e hiperatividade. O papel da dieta no TDAH é um tópico muito controverso, mas é um campo de pesquisa que precisa ser levado mais a sério.

Existem ensaios clínicos aleatorizados relacionando o consumo de certos tipos de alimentos aos sintomas de TDAH. Por exemplo, o elevado consumo de bebidas açucaradas (como sucos de pozinho, sucos em embalagens tetra pak adoçados, refrigerantes), está associado com potencial desregulação hormonal, resistência à insulina, dislipidemia e obesidade. Existem também evidências de que a alta frequência de consumo de bebidas com açúcar esteja positivamente associada a problemas comportamentais em crianças (Geng et al., 2020).

Estas bebidas também pode conter corantes artificiais que podem afetar a atividade das ondas cerebrais e aumentar os sintomas relacionados ao TDAH (Kirkland et al., 2020). Mesmo com baixo efeito este fator não deve ser desconsiderado visto que pode exacerbar os sintomas de algumas pessoas. O corante tartrazina, por exemplo, foi proibido no Reino Unido por seus efeitos no comportamento.

O consumo de uma dieta antiinflamatória, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, apresentaram efeito protetor contra a hiperatividade ou o TDAH (Del-Ponte et al., 2019). Ensaios clínicos apoiam u m pequeno efeito, mas bastante confiável, na redução dos sintomas do TDAH com o aumento do consumo de ômega-3. Não é o mesmo efeito do uso de medicamentos mas, dado o baixíssimo número de efeitos adversos do suplemento, é algo que podemos considerar, em conjunto com outras terapias.

PÓS EM PICS
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/