DISTORÇÃO DE TAMANHO CORPORAL E EROTICISMO

A insatisfação corporal é o descontentamento com o corpo gerado a partir de crenças pessoais e atitudes negativas que vamos desenvolvendo ao longo da vida. Esta insatisfação atrapalha nosso eroticismo, nosso prazer em estarmos no mundo. Quando passamos o tempo todo nos comparando com modelos que não tem nada a ver conosco, quando nos julgamos excessivamente criamos problemas inexistentes.

Algumas pessoas imaginam-se maiores do que são, outras imaginam defeitos que para os outros passam totalmente despercebidos. O desconforto faz com que muitos vivam de dietas, endividem-se com cosméticos ou tratamentos estéticos, sem nunca atingir o tal corpo esperado.

Estudos mostram que pessoas que passam muito tempo nas redes sociais, como Instagram, Snapchat, TikTok, Facebook e outras possuem mais insatisfação com a imagem corporal. Isto acontece porque é muito comum as imagens serem modificada e promoverem belezas irrealistas, como fazia anteriormente as revistas de moda e TV.

Alimente seu eroticismo. Ele não depende de cabelos longos, de pele lisa, de corpo sarado. Quando não valorizamos o que temos e nosso momento, a saúde mental sofre e nossas relações também.

Transtorno dismórfico corporal

O transtorno dismórfico corporal (TDC) é uma condição psiquiátrica associada à ansiedade pela preocupação excessiva com a aparência. Pessoas com TDC passam muito tempo comparando a própria aparência com a das outras pessoas. Chegam a um restaurante ou festa e já olham em volta para ver se são mais ou menos bonitos ou apresentáveis. E claro, sempre encontraremos pessoas no mundo mais jovens, mais magras, mais bem vestidas, mais malhadas, mais isso ou aquilo. A competição é injusta. Somos um contra bilhões de outras pessoas. Tenho uma série sobre o tema no YouTube:

Existe tratamento para o TDC. O padrão ouro é a terapia cognitivo comportamental, que ajuda imensamente. Existem pessoas que não querem sair pois pensam “os outros vão me achar feia ou feio”, não querem se relacionar sexualmente pois acham que o parceiro ou parceira irá achar o corpo repugnante. Mas está tudo em nossa cabeça. Procure ajuda!

O equilíbrio e o autoaperfeiçoamento deve ser nossa meta em todas as áreas da vida e esta é uma delas. Dose o uso das redes sociais, mime-se, invista em você, aprenda a acalmar a mente. Faça meditação, yoga, terapia ou o que funcionar para você.

Tenha uma boa vida!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Corpo não é massa de modelar

Durante toda a quarentena atendi muitas pessoas desesperadas sem saberem lidar com a alimentação em época de pandemia. Na virada do ano tudo se intensificou. É normal que a cada novo ciclo todos queiramos mudar de vida, de rotinas, melhorar a saúde, descartar o que não nos serve. Só que em um momento de sensibilidades afloradas é importante colocarmos tudo em perspectiva. A pandemia não foi a oportunidade perfeita de todos. Sim, teve gente que malhou em casa, fez dieta, emagreceu. Mas teve gente que viveu o contrário, tendo que lidar com doença, morte, separação, filhos correndo pela casa…

Mudanças de rotina geram estresse e nosso corpo não é como uma massinha de modelar, que possamos mudar de uma hora para outra a nosso bel prazer.

Temos uma genética, uma constituição, temos hábitos, temos uma vida inteira que mexe com as emoções. Viver uma pandemia é desconfortável. Mas fazer uma dieta louca não nos ajuda a lidar com esse desconforto. Às vezes parece que sim, às vezes nos enganamos. Se estamos com um peso que não gostamos, fazemos uma dieta para lidar com esse desconforto. Mas olha, o desconforto com o corpo não some com restrições extremas. Pelo contrário, tende a gerar mais estresse, mais agonia.

Temos duas alternativas aqui:

1) Olhar para dentro, ativar a intuição, sentir o que de fato o corpo precisa para que emagreça com saúde e de forma definitiva. Isso não vale apenas para a alimentação, mas também para o descanso, para o exercício. Pense: você está usando a atividade física como uma forma de punir seu corpo? Isso ajuda sua mente?

2) Fazer um teste nutrigenético para aprender o que combina mais com sua constituição (será mesmo uma dieta low carb ou cetogênica? Ou será uma dieta rica em fibras, em vegetais?). Tudo é individual e se a sua intuição está falhando um exame assim poderá te ajudar a rever algumas coisas e implementar hábitos mais saudáveis em 2021. Falo um pouco mais deste teste nesta playlist, com vários vídeos:

Marque sua consulta:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

"O mundo se acabando e eu preocupada com minha aparência" | Transtorno Dismórfico Corporal não é futilidade, é doença | Entenda, faça o teste

Recebi um e-mail que revela a angústia de uma mulher, tão similar à de muitas outras pessoas:

Aos 12 anos uma menina que parecia uma modelo de capa de revista entrou em minha sala de aula. Foi a primeira vez em que comecei fortemente a me comparar com os outros. A partir daquele momento comecei a pensar muito em minha imagem e decidi que não era bonita. Depois desse dia sempre me senti feia, mesmo quando os outros diziam o contrário, mesmo quando algum garoto interessante dizia que me achava linda. Virei uma adulta sem autoconfiança, já fiz diversas cirurgias plásticas, malho compulsivamente, vivo de dieta, não saio de casa sem maquiagem mas nada faz efeito, continuo achando-me feia. Faço de tudo para sentir-me melhor, mas quando saio à rua e me olham sei que estão vendo em mim todos os meus defeitos, que estão com nojo. E passo o dia pensando nisso. Sou uma mulher estudada, tenho uma carreira sólida, ganho bem, me interesso pelo mundo, me indigno com a corrupção. Mesmo assim, na maior parte do tempo estou simplesmente pensando e sofrendo por causa de minha aparência. Para piorar, morro de vergonha disso, sinto-me fútil. Ninguém sabe do meu problema, apesar dele atrapalhar tudo, meus relacionamentos, minha vida sexual, o trabalho. Sinto muita vergonha do meu corpo. Não tenho coragem de usar roupas curtas, de ir à praia no verão. Desmarco compromissos quando estou me sentindo mal demais com minha aparência. Já perdi inclusive reuniões importantes. Isso leva décadas, estou cansada, queria parar de me importar, mas não consigo. O que há de errado comigo, serei sempre assim?

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Pessoas com transtorno dismórfico corporal acreditam que tem uma ou mais imperfeições ou defeitos na aparência física, sem que ele exista ou importe para qualquer outra pessoa. Elas normalmente realizam determinadas atividades (como olhar no espelho, arrumar-se excessivamente ou comparar-se com outros) devido à grande preocupação com sua aparência. A maioria das pessoas com o transtorno dismórfico corporal não sabe que, na verdade, tem uma aparência normal ou são até atraentes.

O transtorno dismórfico corporal (TDC) geralmente começa durante a adolescência e possivelmente ocorre com um pouco mais de frequência em mulheres. Os sintomas do transtorno dismórfico corporal podem surgir de maneira gradativa ou súbita, variar de intensidade e costumam persistir se não forem adequadamente tratados. O rosto ou a cabeça costumam ser os principais motivos de preocupação, mas ele pode estar relacionado a qualquer outra parte ou várias partes do corpo, e pode mudar de uma parte do corpo para outra. Por exemplo, é possível que a pessoa esteja preocupada com supostos defeitos, como queda de cabelo, acne, rugas, cicatrizes, cor da pele ou excesso de pelo facial ou corporal. Uma pessoa também pode concentrar-se na forma ou no tamanho de uma parte do corpo, como o nariz, os olhos, as orelhas, a boca, os seios, as pernas ou as nádegas.

Alguns homens com constituição física normal, ou até mesmo atlética, sentem-se franzinos, e tentam obsessivamente aumentar o peso e os músculos: um transtorno chamado de dismorfia muscular. É possível que a pessoa descreva as partes do corpo de que não gosta como feias, pouco atraentes, deformadas, medonhas ou monstruosas.

A maioria das pessoas com transtorno dismórfico corporal tem dificuldade de controlar sua preocupação e gastam horas todos os dias preocupando-se com seus supostos defeitos. É possível que a pessoa pense erroneamente que os outros estão reparando nela ou ridicularizando-a devido aos defeitos de sua aparência. A maioria das pessoas inspeciona-se com regularidade no espelho, outras evitam os espelhos e outras alternam entre os dois comportamentos.

Muitas pessoas se arrumam de forma compulsiva e excessiva, cutucam a própria pele (para remover ou arrumar os supostos defeitos de pele) e buscam reafirmação sobre os supostos defeitos. Elas podem frequentemente mudar de roupa para tentar esconder ou camuflar seu defeito discreto ou inexistente ou tentar melhorar a aparência de outras formas.

A diferença entre o transtorno e a vaidade é que pessoas com TDC ocupam muito tempo e causam angústia significativa, prejudicando as atividades. Se a pessoa com transtorno dismórfico corporal sentir-se constrangida demais com a própria aparência, pode evitar aparecer em público, faltar ou trabalho ou compromissos importantes. Acaba causando muito sofrimento e fazendo a pessoa perder oportunidades, desgastar relacionamentos, ser demitida…

O diagnóstico pode ser feito por psicólogo, neurologista ou psiquiatra. Avaliarão o quanto a preocupação impacta a vida da pessoa, se esta passa muito tempo realizando atividades ou tendo pensamentos (por exemplo, olhar-se no espelho, arrumar-se excessivamente ou comparar-se com outros) devido à sua grande preocupação com sua aparência. Se sente muita angústia ou deixam de funcionar normalmente (no trabalho, na família ou com amigos).

O tratamento envolve o uso de medicamentos (como antidepressivos), terapia cognitivo comportamental, meditação, prática de yoga, alimentação que proporcione maior produção de serotonina. O acompanhamento nutricional na abordagem comportamental é fundamental para pacientes que tem além do transtorno dismórfico corporal, algum transtorno alimentar ou um comer transtornado (Dingemans et al., 2012).

Muitos fatores podem tornar difícil o controle metabólico, como sedentarismo, distúrbios dos sono, estresse, ansiedade, isolamento, tédio, falta de suporte social, baixa exposição solar, dentre tantos fatores que afetam a saúde. Não é fácil conciliar tantos fatores que afetam o consumo alimentar, o equilíbrio energético e metabólico.

King et al., 2020

King et al., 2020

Nossa equipe de nutrição e psicologia trabalha associando a terapia com a nutrição comportamental. Não sofra sozinho, não fique sem tratamento. Se você tem dúvida sobre a presença de transtorno dismórfico corporal pode fazer um teste inicial, preenchendo este questionário. Entraremos em contato.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/