Suplementação de glutamina reduz inflamação em idosos

A glutamina (C5H10N2O3) é o aminoácido mais abundante no organismo humano. Seu papel imunomodulador é bastante conhecido mas também tem outras funções importantes como fonte de energia para células intestinais, contribuição no processo de eliminação de toxinas, além de participar no processo antioxidante. Homens saudáveis, com um peso entre 70kg possuem cerca de 70 a 80g de glutamina estocada nos tecidos corporais.

É sintetizada em nosso corpo no músculo esquelético, nos pulmões, fígado, cérebro e, possivelmente, no tecido adiposo também. Consomem muita glutamina, toda a mucosa intestinal, células do sistema imune (leucócitos) e células dos rins. Durante o consumo reduzido de carboidratos e durante o estresse, o fígado também torna-se um grande consumidor de glutamina. Durante o estresse, os músculos produzem menos glutamina do que normalmente. Duas enzimas são muito importantes para o metabolismo da glutamina: a glutamina sintetase (GS) e a glutaminase (GLS)

Metabolismo da glutamina na saúde e na doença. Fonte da imagem: Cruzat & Rogero., p. 92 in Cominetti, Rogero, & Horst, 2017

Por ser um aminoácido tão importante, a redução da disponibilidade de glutamina afeta a saúde, principalmente em situações de estresse fisiológico. O aumento da demanda de glutamina por células do sistema imune e outros tecidos, leva o organismo a um déficit de glutamina. Dependendo da situação, a queda da glutamina contribui para o agravamento de doenças e infecções.

A glutamina é um estimulador da expressão do gene HSP72, que reduz a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Por outro lado, a redução da glutamina faz com que o corpo fique mais inflamado. Estudo publicado em 2020 mostrou que a suplementação de glutamina (0,3g/kg/dia) por um mês reduziu a inflamação em idosos fisicamente ativos (Almeida et al., 2020).

Alguns suplementos para discussão com o nutricionista:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

COVID-19 e estado nutricional dos idosos

A população idosa é um dos grupos que apresenta um maior risco de doença grave por COVID-19. Por isso, aconselha-se o isolamento profilático, já que o distanciamento social é o principal fator capaz de minimizar a transmissão do vírus. A lavagem cuidadosa das mãos também é medida importantíssima.

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Outra medida é a boa alimentação já que um pior estado nutricional associa-se a um pior prognóstico e a um risco aumentado de complicações e de morte. Devem ser consumidas duas a três porções de diárias de frutas, leguminosas pelo menos três vezes na semana (feijão, grão de bico, ervilhas, lentilhas), hortaliças no almoço e jantar (na forma de salada ou sopa) e boas fontes de proteínas (laticínios, ovos, carnes, peixes, aves, castanhas, sementes), assegurando a ingestão proteica adequada.

A manutenção de um bom estado de hidratação também é essencial, situação que muitas vezes está comprometida devido à diminuição da sensação de sede nos idosos. A quantidade diária deve variar entre 1,5 a 2 litros de água, no mínimo, o que equivale a cerca de 8 copos de água. A oferta frequente de água e em pequenas quantidades ao longo do dia é essencial. As águas também podem ser aromatizadas com gotas de limão ou laranja e os chás também são outra opção para manutenção da hidratação.

A vitamina D é muito importante para a imunidade. Os idosos devem se expor ao sol por 20 minutos ao dia. Se for impossível devem consumir suplementos de vitamina D. Outro suplemento que vem sendo investigado é o extrato do fruto elderberry (Sambucus nigra) ou sabugueiro. O mesmo é rico em antocianinas como sambubiosídeo, pelargonidina e flavonóides como quercetina e kaempferol, com propriedades antibacterianas e antivirais importantes. Estudos mostram alta evidência de suas propriedades. Porém não deve ser usado por pessoas com doenças autoimunes (IFM, 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Estratégias para melhoria da imunidade de idosos

Com o aumento da idade, o sistema imunológico passa por um processo de remodelação, denominado imunossenescência, que é acompanhado por consideráveis ​​mudanças nas subpopulações de células de defesa, tanto da resposta imune inata, quanto da adaptativa.

Clinicamente, a imunossenescência é caracterizada pelo aumento da suscetibilidade a infecções, reativação mais frequente de vírus latentes, diminuição da eficácia de vacinas e aumento da prevalência de autoimunidade e câncer. O sedentarismo é um dos fatores que aceleram a velocidade de envelhecimento do sistema imunológico. Por isso, o idoso deve continuar praticando atividade física dentro de casa ou subindo e descendo as escadas do prédio onde vive (se os joelhos permitirem).

Para que o sistema imune seja competente o suficiente para lutar contra vírus e bactérias a boa alimentação é fundamental. Dou algumas dicas neste vídeo:

Além da alimentação, infecções, estresse, tabagismo, uso de medicamentos, má funcionamento intestinal podem comprometer a imunidade, gerar inflamação e contribuir para a imunossenescência (

Frutas e verduras, alimentos fermentados ricos em probióticos (como o kefir), leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, contribuem para um intestino saudável e para a melhoria da resposta imune. Já frituras, alimentos ricos em açúcares e gorduras hidrogenadas aumentam a inflamação e prejudicam a imunidade.

O estresse psicológico também pode afetar muitos sistemas do corpo, podendo enfraquecer o sistema imune e aumentar a inflamação crônica. A inflamação é parte natural da resposta imune e, a curto prazo, pode ser útil para curar feridas, lesões e infecções, mas a inflamação crônica pode fazer mais mal do que bem.

Pesquisadores reviram coletivamente 15 ensaios clínicos randomizados que examinaram se a prática regular de posturas de yoga poderia fortalecer o sistema imunológico e reduzir a inflamação crônica. O tamanho médio da amostra dos ensaios foi de 70, e os tamanhos das amostras variaram de 11 a 140 participantes.

Os cientistas nestes ensaios examinaram a resposta do sistema imunitário medindo os níveis de substâncias inflamatórias no sangue ou saliva, como citocinas, proteína C-reativa (CRP), contagens de células imunitárias, anticorpos e marcadores de genes. As medições foram feitas antes e após aulas de Hatha Yoga. Os pesquisadores descobriram um padrão entre os estudos, mostrando que a prática de yoga reduz os marcadores pró-inflamatórios, principalmente a citocina IL-1beta (Falkenberg, Eising & Peters, 2018). Existem muitos vídeos de yoga para iniciantes na internet. Existem práticas na cadeira, no sofá, na cama… Se não puder sair de casa, procure no YouTube e comece a praticar.

Estudo publicado em 2020 sugere a suplementação de compostos bioativos com efeito positivo na imunidade e melhoria da resposta do organismo contra o coronavírus. Os autores recomendam: ácido ferúlico, ácido lipóico, espirulina, N-acetilcisteína, selênio, glucosamina, zinco, beta-glucanas e sabugueiro (McCarty, DiNicolantonio, 2020). Converse com seu nutricionista sobre a melhor forma de fazer isto.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/