A relação entre a dieta e a chegada à menopausa

Estudo feito por pesquisadores da Universidade de Leeds no Reino Unido mostrou que o consumo de peixes oleosos e leguminosas (como feijão e ervilhas) relaciona-se ao atraso no aparecimento da menopausa. Já o consumo  de carboidratos simples (como excesso de massas e açúcar) acelera a menopausa (Dunneram et al., 2018). 

Claro, muitos outros fatores incluindo a genética, o peso corporal, os níveis de inflamação, a saúde dos órgãos sexuais influenciam a velocidade com a qual a mulher chega à esta etapa da vida.

As mulheres que entram na menopausa mais cedo têm risco aumentado de osteoporose e doenças cardíacas. Já as que passam por ela tardiamente parecem ter maior risco de câncer de mama, útero e ovário. Melhorar o estilo de vida é importante em todas as fases da vida mas gravei um vídeo sobre os cuidados com relação especificamente à menopausa:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Depois da nutrigenômica, a nutrimirômica

A nutrigenômica estuda os efeitos dos nutrientes na expressão dos genes de uma pessoa. Estuda também os fatores nutricionais que protegem o genoma de danos. Em última análise, esta ciência busca entender o impacto dos componentes da dieta no genoma, no proteoma (a soma total de todas as proteínas) e no metaboloma (a soma de todos os metabólitos) (Mead, 2007; Cominetti, Horst, & Rogero, 2017).

Por que isto é importante? Da mesma forma que um medicamento não tem o mesmo efeito em todas as pessoas, o mesmo acontece com os componentes da dieta. Mas agora uma outra ciência desponta: a nutrimirômica.

Nutrimirômica

Esta área da nutrição estuda as interações entre componentes da dieta e a modificação da expressão genética que envolvem processos epigenéticos relacionados aos microRNAs (Quintanilha et al., 2017).

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Os microRNAs são importantes reguladores da expressão gênica, controlando ambos os processos fisiológicos quanto os patológicos. São pedaços de RNA não-codificantes as quais impedem a transcrição do DNA. Por exemplo, na Síndrome de Down, o microRNA-155 expressa-se exageradamente e acaba afetando negativamente a aprendizagem, memória e comportamento.

A boa notícia é que nutrientes isolados ou compostos bioativos podem regular a expressão dos microRNAs. Por exemplo, o resveratrol (3,5,4′-trihydroxystilbene), substância antioxidante encontrada nas uvas roxas, amora, mirtilo e amendoim diminui os níveis do microRNA-155 normalizando vias metabólicas na síndrome de Down.

Estudos também mostram que os microRNAs estão associados à processos inflamatórios em várias doenças. Na obesidade, microRNAs (miR-20a, miR-17 e miR-106a) contribuem para infiltração de macrófagos no tecido adiposo inflamando o tecido e dificultando a perda de peso.

A curcumina, um polifenol de cor amarela obtida a partir do açafrão (Curcuma longa L.) possui um excelente poder antioxidante e antiinflamatório. Pessoas que fazem uso da curcumina tem a expressão de miR-155 reduzida, assim como a produção de citocinas inflamatórias (TNF-α  e IL-6). 

APRENDA A INTERPRETAR EXAMES NUTRIGENÉTICOS

A quercetina é outro composto bioativo encontrado em cebolas, frutas cítricas e maçãs. Seu uso reduz a expressão do miR-155 e a ativação do NF-κB, atenuando o processo inflamatório.  O mesmo ocorre após a exposição às catequinas do chá verde.

A superexpressão de microRNAs parece aumentar o risco de doenças cardiovasculares. A suplementação de selênio e coenzima Q10 diminui a expressão de 101 miRNAs. Outro mineral importante no processo inflamatório é o zinco. Sua deficiência altera a expressão de miRNAs em vários tecidos. 

Uma vitamina muito importante neste sentido é a D (1,25(OH)D2). Seu consumo adequado reduz a inflamação pela menor expressão do miR-155. A vitamina D também diminui a sinalização de NF-κB

Estudos nesta área ainda são muito novos, mas com certeza os próximos anos trarão muitas descobertas para que possamos usar a dieta cada vez mais a nosso favor.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Consumo de álcool aumenta o risco de deficiência de zinco

O consumo excessivo de álcool gera, a longo prazo, vários efeitos adversos no organismo. Aumenta o risco de pressão alta, arritmia cardíaca, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, problemas no coração, problemas renais e no pâncreas.

O álcool também gera maior deficiência de zinco, um mineral muito importante para a imunidade. A carência de zinco também aumenta a permeabilidade intestinal, a inflamação de todo o corpo e o dano no fígado. Apesar das limitações dos exames, a dosagem das concentrações de zinco no organismo pode ser utilizada para avaliação da severidade do abuso do álcool (Skalny et al., 2017).

A deficiência de zinco também interfere na ação dos neurotransmissores. A inflamação e o estado pró-oxidativo também aumentam o risco de atrofia cerebral. Existem estudos mostrando inclusive que a suplementação de zinco ajuda no tratamento da encefalopatia e também do alcoolismo, pelo menos em camundongos (Skalny, & Kampov-Polevoy, 1988). 

A maioria das pessoas vai bebendo cada vez menos conforme envelhece. Contudo, algumas pessoas mantém um alto consumo, por hábito ou na tentativa de lidar com alguma dor (baixa renda, doença, solidão, perda de pessoas queridas, depressão). Contudo, com o passar da idade a capacidade do corpo de metabolizar o álcool vai decrescendo, o que aumenta os riscos para a saúde. Pessoas que fazem uso de medicamentos também devem reduzir o consumo do álcool, visto que este pode reduzir os efeitos esperados ou sobrecarregar ainda mais o sistema.

A vida fica sem graça sem álcool? Este é um sinal de vício. Muitas pessoas não percebem o problema a não ser que tentem parar ou reduzir o consumo. Uma vida sem álcool pode ser muito mais rica e prazerosa. Peça ajuda!

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Tenha também uma alimentação saudável. A primeira vez que uma pessoa consome uma bebida alcoólica, a dopamina é liberada pelo cérebro, relaxando e trazendo ao corpo uma sensação de prazer.  Isso faz muita gente pensar: "era isso que faltava em minha vida". Porém, a dopamina é um neurotransmissor. Como tudo no corpo, nutrientes são necessários para seu aumento. Consumo alimentos ricos em minerais como o zinco presente em castanhas, frutos do mar, leguminosas (lentilha, ervilha, grão de bico, feijão) ou converse com seu nutricionista sobre a suplementação.

A falta de zinco também reduz a sensibilidade a sabores e aromas. Está achando a comida sem graça? Pode estar com carência deste mineral. Tem sintomas como irritabilidade, confusão mental, apatia? Pode estar deficiente em zinco. 

O consumo exagerado de álcool também depleta as vitaminas do complexo B. A deficiência de vitamina B6, por exemplo, faz com que o cérebro produza menor quantidade de dopamina e serotonina, aumentando a compulsão (por álcool e carboidratos). 

PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM SAÚDE (PICS)

PICS como meditação, yoga e atividade física também ajudam a liberação de dopamina. Os cuidados com a saúde devem ser holiticos, focando em vários aspectos que ao final vão manter nosso corpo e nossa mente em seu melhor.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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