Mitos sobre a atenção plena

A atenção plena é frequentemente mal interpretada. Muita gente a considera uma prática difícil, em que é necessário um grande esforço mental de concentração. Mas na verdade, o pensamento é utilizado apenas para iniciar a prática. Por exemplo: "verifique como está sua postura/respiração/pensamentos/sentimentos etc". O foco em algo também é utilizado para que o praticante possa retornar à prática quando a mente inevitavelmente começa a divagar durante o dia. Contudo, depois de seguir as instruções é que a atenção plena realmente começa. Com o tempo, o praticante fica mais ancorando no corpo e em cada atividade realizada durante o dia.

Outro concepção errônea é a de que a atenção plena significa fazer tudo de forma muito lenta. A velocidade com que fazemos algo não é a questão. Podemos fazer algo de forma lenta mas sem prestar atenção e podemos fazer algo rapidamente, prestando mais atenção. Claro, para a maioria das pessoas, diminuir o ritmo é benéfico. Isto porque muita gente passa o dia correndo de um lado para o outro, dividindo-se entre 1.001 atividades. Por isso, parar, respirar, descansar, diminuir o ritmo acaba beneficiando muita gente.

Muita gente também pensa que para praticar a atenção plena precisamos estar sentados, de olhos fechados. Você pode escolher a atividade à qual colocará toda a sua atenção. Pode ser enquanto come, enquanto escova os dentes, enquanto caminha, enquanto toma banho, enquanto ouve uma pessoa, enquanto lê, enquanto pratica yoga. O ideal é prestar atenção a cada atividade do dia, mas isso é um desafio para a vida toda. De qualquer forma, você pode começar já, optando por fazer uma coisa de cada vez. Se está lendo este texto, não leia o que está escrito na mensagem do WhatsApp e assim por diante.

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Por fim, mindfulness ou atenção plena não acaba com todos os problemas da vida. O trânsito vai continuar existindo, as pessoas vão continuar brigando sobre política e futebol, você ainda terá que pagar imposto. O que pode mudar é sua forma de lidar com tudo isso. Muitos praticantes dizem que fazem menos tempestade em copo d'água, têm menos pensamentos negativos, apreciam mais as pequenas coisas, aceitam mais as diferentes opiniões e entendem mais o sofrimento alheio. Para quem está buscando o autoaperfeiçoamento é um dos possíveis caminhos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/