Dieta e pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é caracterizada por um conjunto de sintomas apresentados pela gestante, incluindo aumento da pressão arterial, perda de proteína na urina e disfunção de alguns órgãos.

Afeta entre 5 e 10% de todas as gestantes a nível mundial e aumenta o risco de doenças cardiovasculares a longo prazo e a mortalidade da mãe e do bebê. Crianças nascidas de mães que tiveram pré-eclâmpsia têm maiores riscos de aumento de pressão arterial ao longo prazo além de padrões cardiometabólicos fora dos padrões da normalidade, aumentando o risco de desenvolvimento de DCV ao longo da vida.

Fatores de risco para pré-eclâmpsia

Hipertensão arterial sistêmica crônica;

  • Primeira gestação;

  • Diabetes;

  • Lúpus;

  • Obesidade;

  • Gravidez depois dos 35 anos ou antes dos 18 anos;

  • Gestação gemelar;

  • Dieta inadequada

Impacto da dieta no risco de pré-eclâmpsia

Um composto químico presente em alimentos não pasteurizados (ergotioneína) foi encontrado em grande quantidade no sangue de mulheres com pré-eclâmpsia, condição grave que cursa com aumento da pressão arterial, retenção hídrica e perda de proteínas pela  urina. A ergotioneína é produzida por fungos que podem estar presentes, por exemplo, no leite. Como não é sintetizado no nosso corpo a fonte é mesmo a dieta. Apesar da ergotioneína ser um antioxidante, no caso de gestantes a alta concentração parece ser mesmo um indicador de risco por isto alimentos não pasteurizados são desaconselhados. 

A dieta mediterrânea de padrão antiinflamatório é fator protetor contra a pré-eclâmpsia. Esta dieta é rica em fitoquímicos, gorduras boas e fibras. componentes que reduzem o risco cardiometabólico das gestantes.

Um estudo acompanhou 8.507 gestantes, com dados coletados de 1998 a 2016 em um grande hospital de Boston, nos Estados Unidos. Questionários de frequência alimentar foram administrados 24 a 72h antes do parto, incluindo informações importantes sobre o padrão alimentar da gestante durante a gravidez.

Foi observado que algumas mulheres afastaram-se bastante do padrão, especialmente as solteiras e com mais baixa escolaridade. Destas, 21% tinham obesidade, 11% desenvolveram pré-eclâmpsia e 7% desenvolveram diabetes gestacional.

O grupo que mais aproximou-se do padrão da dieta mediterrânea tinha um risco 22% menor de desenvolver pré-eclâmpsia. Uma das explicações é a presença de substâncias que combatem o estresse oxidativo e a inflamação.

Cuidado com os suplementos probióticos

Um intestino saudável é muito importante. O mais importante é uma dieta variada, rica em fibras presentes em vegetais, frutas, cereais integrais, castanhas e sementes. Alimentos contendo bactérias boas como kefir e iogurte natural também são bem-vindos.

Mas, cuidado com o uso excessivo de suplementos probióticos. Uma revisão de 6 estudos, com 1.520 mulheres apontou que aquelas em uso de probióticos tiveram risco aumentado de pré-eclâmpsia. Atualmente, existem oito estudos em andamento que podem ajudar a fornecer mais clareza sobre os efeitos dos probióticos na gestação.

A segurança de qualquer suplemento na gravidez precisa ser cuidadosamente monitorada. Converse com seu médico e não tome suplementos por conta própria (Davidson et al., 2021).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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